Próximo de completar quatro meses no ar, não foram poucas as polêmicas em que a CNN Brasil se envolveu. Desta vez, um comentário homofóbico do jornalista Leandro Narloch gerou revolta nas redes sociais. Ao falar sobre a liberação para que homossexuais masculinos pudessem doar sangue, o escritor afirmou que homens gays têm “chance muito maior de ter Aids” e falou em “comportamento promíscuo”.
Ao ser chamado para falar ao vivo sobre a liberação, Narloch cometeu alguns erros conceituais. “Ela vai restringir mais a conduta, e não o tipo de pessoa, a opção sexual do indivíduo. Toda essa polêmica começou porque, não há dúvida disso, os gays, os homens gays, eles têm uma chance muito maior de ter Aids, né? Em 2018, uma pesquisa mostrou que 25% dos gays de São Paulo eram portadores de HIV”, afirmou.
“Mesmo que esse número seja exagerado, e de fato ele parece mesmo exagerado, o fato é que é dezenas de vezes maior, maior a chance do que na população geral. O problema, a questão é que outros critérios para exclusão já restringem os gays que têm comportamento promíscuo”, continuou.
Os erros
O jornalista se equivoca ao não fazer distinção entre os termos HIV e Aids. De acordo com o Ministério da Saúde, HIV é o vírus responsável pela Aids, que é a doença. “Ter o HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença”, explica a pasta, em texto publicado no site.
Já a pesquisa citada pelo jornalista foi encomendada pelo Ministério da Saúde e mostrou que, em São Paulo, um a cada quatro homens que fazem sexo com homens tem HIV, segundo reportagem da Folha de São Paulo, de 2018. No entanto, 17% desse grupo não se declaram gays.
Assim também, a afirmação de Narloch de que gays têm “dezenas de vezes” mais chances de ter HIV também é baseada em preconceito. Uma pesquisa divulgada pelo jornal O Globo mostrou que, em 2012, 67,5% dos casos de HIV notificados pela rede de saúde, no Brasil, eram em pessoas heterossexuais.
A reação
Nas redes sociais, as declarações tiveram uma repercussão negativa. “Ele falou uma sequência inacreditável de absurdos e informações totalmente erradas. Um anti-jornalista”, escreveu um usuário do Twitter.
Com a repercussão negativa, Leandro Narloch respondeu por meio de uma publicação no Twitter. Comentando uma coluna que criticava suas falas, o jornalista reafirmou o que disse e negou preconceito. “O que eu disse: gays têm muito mais AIDS que a população geral, mas a lei era injusta com os que tem parceiro fixo e se protege. […] O que entenderam: homofobia, preconceito etc.”, escreveu.