Luciano Hang, o dono das lojas Havan, voltou ao noticiário na sexta-feira (24/7) ao ser incluído no grupo que teve contas no Twitter derrubadas. A decisão, do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, insere-se no contexto do Inquérito das Fake News, que investiga a disseminação de notícias falsas. Hang é acusado de propagar uma prática da qual ele mesmo diz ter sido vítima ao longo dos anos.
Crítico da influência do Estado na economia, Luciano Hang, 57 anos, recorreu às ferramentas de financiamento governamental para montar o que hoje é considerado por especialistas um império do varejo.
Com 147 lojas espalhadas em 18 estados do país, o Véio da Havan, como é conhecido, conseguiu, entre 1993 e 2014, 55 empréstimos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que totalizam, em valores atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais de R$ 72 milhões.
Os dados, negados pelo empresário no passado e classificados de fake news, foram obtidos pelo Metrópoles via Lei de Acesso à Informação (LAI) e revelam que Hang contratou uma média de 1,6 empréstimo por ano desde a fundação da empresa.
Os maiores volumes foram obtidos em dois momentos-chave da expansão do empresário nascido em Brusque, cidade que é polo da indústria têxtil em Santa Catarina e onde ele mora até hoje com a mulher, Andrea. O casal tem três filhos, os gêmeos Lucas e Leonardo, hoje com 23 anos, e Matheus.
Hang começou a trabalhar aos 17 anos, na mesma fábrica de tecidos em que os pais eram operários. Aos 21, comprou uma pequena empresa do ramo e entrou no mundo dos negócios, com a meta de prosperar cada vez mais.
Ainda nos anos 1990, quando Hang separou-se do seu então sócio, Vanderlei de Limas – o nome Havan é a junção de sílabas que compõem nome e sobrenome dos fundadores –, e transformou a loja atacadista em varejo, foram contratados cinco empréstimos. A liberação do dinheiro ocorreu entre 1993 e 1997, ao longo das gestões Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo em menor número, esses foram os valores mais elevados que o catarinense conseguiu junto ao banco estatal de fomento. Em cifras atuais, correspondem a R$ 33,9 milhões. Na época dos primeiros empréstimos, havia apenas uma loja Havan, em Brusque. Após a injeção de capital, Hang ampliou o negócio e passou a ter três unidades.
O segundo momento em que o empresário mais obteve dinheiro do BNDES foi ao longo dos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Embora os valores liberados tivessem sido mais baixos em relação aos anteriores, o número de empréstimos aprovados se multiplicou e chegou a 50 no período.
Essa foi o período em que houve a maior expansão das lojas. Entre 2005 e 2014, Hang ampliou a quantidade de unidades e chegou a 57, com receita declarada em R$ 2 bilhões anuais.