Em uma compilação de estudos feitos durante os meses mais críticos da epidemia do coronavírus na Espanha, a Sociedade Espanhola de Neurologia divulgou os resultados do registro Albacovid, feito com 841 pacientes internados em dois hospitais do país. Segundo os médicos, 57,4% das pessoas em estado grave com a doença desenvolveu um ou mais sintomas neurológicos.
Nos últimos meses, várias pesquisas descobriram que, sendo uma doença sistêmica, ou seja, que atinge todo o corpo, a Covid-19 também tem efeitos no cérebro. Na pesquisa espanhola, foram detectados sintomas comuns, como dor de cabeça, e graves, como psicose, convulsões e coma.
“Pelo registro de Albacovid se depreende que as manifestações neurológicas são mais comuns do que se pensava em pacientes hospitalizados com Covid-19”, diz José Miguel Lainez, presidente da SEN, em entrevista ao jornal El País.
O pesquisador Tomás Segura, um dos responsáveis pela pesquisa, conta que o cérebro está protegido de toxinas pela barreira hematoencefálica, que filtra qualquer substância que possa fazer mal ao órgão. “O rompimento dessa barreira é uma ocorrência que nunca vimos antes”, diz. Para ele, o coronavírus, além de ser respiratório, também é neurotóxico.