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O que é chantagem emocional? Saiba como identificar esse comportamento tóxico

Por HYPESCIENCE

Você sofre com chantagem emocional? Quem sabe você esteja fazendo coisas por medo, culpa ou um senso de obrigação, quando poderia se livrar desses sentimentos ruins se soubesse que está sendo manipulada.

Sim, a chantagem emocional é um tipo de manipulação, e não é realizada somente por parceiros românticos, mas também por amigos e familiares.

Confira exemplos deste comportamento tóxico e aprenda a enfrentá-lo:

O conceito

O conceito de “chantagem emocional” foi popularizado nos anos 1990 pela psicoterapeuta Susan Forward. Geralmente, o chantageador usa medo, culpa ou obrigação para conseguir o que deseja.

De acordo com a psicóloga clínica Karla Ivankovich, chantagem emocional é quando “alguém próximo a nós usa as coisas que eles sabem sobre nós contra nós, como um meio de dano ou manipulação”.

Por exemplo: você e seu namorado (ou namorada) moram e cuidam de um cachorro juntos há cinco anos. Seu parceiro foi quem adotou o animal, seis meses antes de vocês se conhecerem, mas você também o ama. Durante uma discussão particularmente feia, ele(a) diz: “Se você me deixar, nunca mais irá ver o cachorro”.

Enquanto algumas formas de chantagem emocional são claras e até chocantes, como ameaças flagrantes ou implícitas, outras podem ser mais sutis, explica Darlene Lancer, terapeuta familiar e de casais.

“Exemplos fáceis de chantagem emocional são ameaças como ‘Eu direi às crianças que você teve um caso’, ou ameaças ambíguas como ‘Você vai se arrepender se…’ ou ‘Você gostaria que seus pais, amigos, chefe etc., soubessem que você fez…?’. Essas ameaças são destinadas a invocar medo. Já outras mais sutis tropeçam na culpa. Por exemplo: ‘Um amigo me emprestaria dinheiro. Como você pode dizer que é meu amigo se não me ajuda quando estou em uma situação assim?’ ou: ‘E quando você emprestou dinheiro de mim na faculdade?’”, exemplifica Lancer.

Pressionar ou “lembrar” alguém de uma “obrigação” ou “dever” é outra tática de chantagem emocional. Digamos que você mora longe de sua família, sua mãe quer que você a visite e a ajude com alguma coisa, mas você não tem dinheiro. “Mas é sua família! É isso que temos que fazer, temos que ajudar uns aos outros”, você pode ouvir.

Por fim, “gaslighting” é outro exemplo de chantagem emocional. É uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, omitidas ou inventadas para favorecer o manipulador e fazer a vítima duvidar de si mesma, de sua memória, sua percepção e até sua sanidade. “Por exemplo, você nota que seu parceiro romântico flertou com uma colega de trabalho e, em seguida, ele faz você se sentir louca por pensar que ele poderia ser a fim de alguém que trabalha com ele”, ilustra Lancer.

É maldade?

Chantagens emocionais podem existir no contexto de qualquer relacionamento com uma pessoa próxima, e não é sempre um sinal de que você precisa cortar laços com essa pessoa – embora possa ser indicativo de uma dinâmica nada saudável se o comportamento persistir.

Isso porque a chantagem emocional não é sempre maliciosa, ainda que possa ser usada como uma estratégia de controle consciente. Digamos que você gosta de agradar as pessoas, e seu parceiro e seus amigos sabem disso. Logo, eles podem fazer birra ou fingir chateação quando você diz que não pode fazer algo por eles, esperando que você mude de ideia.

Dito isto, a manipulação não é feita somente com segundas intenções. Às vezes, o manipulador pensa que está certo em fazer determinado pedido ou declaração. Talvez ele simplesmente não saiba como dizer o que sente – por exemplo, que está com medo de te perder – e então faz uma ameaça.

“A chantagem emocional pode nascer da insegurança ou da falta de compreensão de como comunicar sentimentos, portanto nem sempre é tóxica”, esclarece Ivankovich.

Segundo Lancer, narcisistas, indivíduos com transtorno de personalidade limítrofe e outros com condições psicológicas relacionadas podem utilizar chantagem emocional com mais frequência sem saber disso.

Mas esse definitivamente não é sempre o caso. “Geralmente, [a chantagem emocional] surge do medo do abandono ou do sentimento de vergonha. De qualquer maneira, o manipulador sente uma séria ameaça ao ego e ao senso de si”, afirma Lancer.

Como enfrentar esse tipo de comportamento?

Primeiro de tudo, fique sabendo que não é sua responsabilidade “consertar” o comportamento ruim de nenhuma pessoa. Todo mundo faz escolhas sobre como se portar e o que dizer, e essas escolhas não podem ser transferidas para você.

No entanto, caso você esteja sendo chantageada emocionalmente por uma pessoa amada e considere que ela não faz por mal, mas gostaria que parasse, tente dizer exatamente isso a ela: “simplesmente pare”.

De acordo com Lancer, isso geralmente funciona. “Ameaças frequentemente não se materializam, porque são na verdade um apelo por mais atenção. Assegure o manipulador de que você o ama e de que quer estar naquele relacionamento, mas sem ameaças e sem fazer tudo o que ele quer”, explana.

A chave é comunicação. Converse com o manipulador sobre o porquê isso está acontecendo. “Se houver insegurança, pergunte o que você pode fazer para ajudá-lo a se sentir mais seguro. Talvez sua mãe precise de mais ligações todos os meses. Talvez seu parceiro precise de gestos românticos mais regulares. Talvez seu amigo não perceba a culpa e o desconforto que está causando ao pedir repetidamente algo quando você já disse não”, argumenta Ivankovich.

Caso se trate de uma pessoa que fez isso mais de uma vez, você precisa deixar claro o que irá aceitar e o que não irá aceitar. Expresse com todas as palavras que você não será manipulado.

“Se essa pessoa não parar apesar de seus pedidos, é hora de pensar em se afastar. A chantagem emocional é uma dinâmica abusiva, especialmente se continuar após os limites serem claramente definidos. Você merece se sentir amado e apoiado, não ameaçado”, alega Lancer. [HuffPost]

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