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Por falta de recursos, time do Náuas vive há 4 meses embaixo de arquibancada

Por FOLHA DE S.PAULO

Toda a delegação do Náuas EC, time da primeira divisão do futebol do Acre, natural de Cruzeiro do Sul, está alojada sob as arquibancadas do estádio Florestão, em Rio Branco desde que disputou a última partida oficial no dia 1º de março deste ano. Assim que a competição do Estadual foi suspensa devido à pandemia do novo coronavírus, eles passam por dificuldades até para custeio da alimentação fora de casa. O Folha de São Paulo publicou nesta quarta-feira, 22, um material com informações sobre o caso.

Tudo começou devido ao estádio local ser reprovado para jogos oficiais. Foi então que o presidente Zacarias Lopes decidiu se mudar para Rio Branco e disputar todas as partidas fora de casa. Com a mobília da própria casa, mudou-se para a capital acreana com cinco jogadores. O restante do elenco é de Paranaguá, no Paraná, assim como a comissão técnica.

A ideia inicial era passar quatro meses em Rio Branco, porém, o orçamento só cobriu as despesas até o final de abril. “Hoje, enfrentamos dificuldades para manter a alimentação do grupo”, disse o técnico ao jornalista Jairo Barbosa, correspondente do Folha. Atualmente, os jogadores vivem em um cômodo grande, com beliches e banheiros.

Do time, oito atletas já pediram dispensa e foram embora. Igor Matias, 21, volante, é o único do grupo que chegou em janeiro e que ainda está no clube. Tudo pelo sonho de disputar a série D pelo Rio Branco.

O Náuas não se classificou para a competição nacional. Com um patrocínio de R$ 3.000 mensais, Lopes reforçou o caixa vendendo duas toneladas de farinha de Cruzeiro do Sul com o escudo do clube estampado na embalagem. Entre despesas gerais e folha de pagamento, segundo o presidente, já foram gastos mais de R$ 100 mil, 60% pagos por um investidor paranaense.

Sem jogos, porém, o investidor suspendeu o repasse, e o caixa do clube zerou. Para reduzir gastos, a esposa de Lopes assumiu a cozinha. O auxiliar técnico ajuda lavando a roupa do grupo, e o próprio presidente executa tarefas como preparador do goleiros, roupeiro e motorista.

“Não tenho mais de onde tirar dinheiro”, lamenta ele, que é funcionário público. Na cozinha, o estoque de alimentos, fruto de doações, está quase no fim. Na semana passada, o presidente da federação estadual, Antônio Aquino Lopes, entregou ao Comitê Gestor da Covid o pedido de liberação dos estádios.

A entidade incluiu na proposta o protocolo da CBF e a garantia de que seriam cumpridas todas as normas para segurança dos envolvidos nas partidas. Cada clube receberia um repasse de valor não divulgado para implementar as medidas. Orientada pelo comitê, a liberação foi negada pelas autoridades locais.

O Náuas estreou no dia 2 de fevereiro na competição, na derrota por 2 a 1 para o Galvez. No dia 16, goleou o Vasco por 5 a 0. Encerrou o primeiro turno na derrota de 1 a 0 para o Humaitá, no início de março. Já são quase cinco meses de espera para voltar. O decreto que suspendeu os jogos, em 20 de março, foi renovado quatro vezes e termina no próximo dia 30. Porém, a autorização para treinos e jogos depende do aval das autoridades.

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