Presidente do PSL diz que Rocha vai “soltar as diarreias” e mentir para interventor

O deputado federal Júnior Bozella (PSL-SP) se reúne nesta quarta-feira (1), em Rio Branco, com o vice-governador Wherles Rocha (PSDB) para tentar resolver o conflito instaurado após o tucano comunicar a pretensão de se filiar à legenda do ex-presidente Bolsonaro.

A possível ida do major para o PSL desagradou toda a base da sigla no Acre, que vai se reunir na manhã de quinta (2) com Bozella para tentar argumentar contra a filiação do ex-militar.

O presidente do PSL local, Pedro Valério, que foi até o aeroporto recepcionar o colega de agremiação, comemorou o fato de Bozella se reunir primeiro com Rocha e só depois com a militância de seu partido.

“Foi bom pra nós que ele vai conversar com o Rocha primeiro, porque o Rocha vai soltar as diarreias todinhas no ouvido dele, o mentirol dele todinho. E aí amanhã ele vai ter a oportunidade de se encontrar com a verdade, porque aqui ninguém tem o hábito de mentir. Vamos dizer pra ele porque não queremos a filiação do Rocha para que ele leve ao nosso presidente nacional um raio-x fidedigno da situação”, disse.

O deputado federal de São Paulo veio ao Acre a pedido de Luciano Bivar, dirigente nacional da legenda, para apaziguar os ânimos. Rocha diz que o convite para se filiar ao PSL partiu de Bivar. No entanto, Pedro Valério nega e diz que o major foi quem procurou o presidente para oferecer sua filiação.

Se Rocha for para o PSL, o partido ganha, automaticamente, o vice-governo do Acre, uma importância que nunca teve no estado. Em troca, a legenda deverá abrir mão de algumas pré-candidaturas a prefeito e vice-prefeito para formar alianças ao desejo de Rocha, que não rompeu com o PSDB e continuaria visando os interesses tucanos, entre eles um maior tempo de TV e a fatia do PSL da verba de campanha.

Uma dessas candidaturas da qual o partido deverá abdicar é em Rio Branco, a jóia da coroa da atual direção da legenda. Definido como pré-candidato, o empresário Fernando Zamora teria de abandonar suas pretensões para pedir votos ao pré-candidato tucano, Minoru Kinpara, que já foi presidente do PT e candidato derrotado ao Senado pela Rede Sustentabilidade, partido da ex-petista Marina Silva.

E é aí que mora um dos principais entraves para a filiação de Rocha no PSL. A atual militância do partido, que inflou a partir da onda bolsonarista, se declara independente e totalmente ideológica, calcada em bases direitistas e conservadoras.

Para eles, não há possibilidade de fazerem campanha para o ex-reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), que seria um nome ligado à esquerda.

“Minoru é uma boa pessoa, mas sua trajetória política é toda na esquerda. Ele diz que não tem mais viés comunista. Isso pode até ser verdade, mas as pessoas não aceitam isso com facilidade porque sabem que essa transição não é tão rápida assim. Antes, no Acre, o PSL era uma legenda de aluguel. Hoje somos absolutamente independentes e ideológicos. Podemos fazer alianças sim, mas não seria jamais pela esquerda”, disse Valério em entrevista ao ContiNet na semana passada.

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