O agricultor Pedro Coelho, 72 anos, foi picado por uma cobra pico-de-jaca, em um de seus dedos, há oito dias, quando trabalhava em sua propriedade, localizada no rio Macauã, em Sena Madureira.
Nesta época do ano o rio fica muito seco, e maioria dos ramais interditados, mas com a ajuda de um de seus filhos, Pedro conseguiu chegar à cidade. “As máquinas começaram a abrir o ramal do Macauã esses dias e isso ajudou ele chegar no hopital”, disse uma sobrinha de Pedro.
Ele foi levado para o hospital João Câncio Fernandes, onde passou por avaliação médica e foi encaminhado para o Pronto Socorro de Rio Branco.
O agricultor, que já vinha lutando contra a Covid-19, agora aguarda atendimento médico, já que seu dedo polegar está bastante afetado pelo veneno da cobra.
Veneno da pico-de-jaca é semelhante ao da jararaca e causa paralisia nos membros locomotores da presa
Com comprimento médio de dois metros nos machos e até três nas fêmeas, a sururucu-pico-de-jaca (Lachesis Muta) ou simplesmente surucucu é considerada a maior serpente peçonhenta das Américas. No Brasil, ocorre predominantemente na Amazônia e na Mata Atlântica, onde encontra o habitat ideal para sua sobrevivência: áreas florestais com solo úmido.
Duas características são exclusivas da espécie: as escamas pontiagudas que se parecem com cascas de jaca, por isso o nome “pico-de-jaca”, bem como a escama alongada de sua calda. A coloração de seu corpo varia entre o castanho-claro e o escuro, sempre com manchas pretas em forma de losangos. Esses atributos são mais evidentes nos indivíduos adultos. O ventre é branco ou creme, com manchas castanhas na região da cauda.
Durante o dia, ela repousa em ocos de árvores e dificilmente reage às aproximações, a não ser que seja pisada ou tocada. À noite, quando a surucucu está ativa (caçando), ela pode ser agressiva, dando botes longos e altos quando ameaçada. Assim como as jararacas, dá preferência para animais menores, em especial mamíferos, como roedores e marsupiais. A serpente fica toda enrolada à espera da presa, calculando o momento ideal para atacar.
Na hora de dar o bote, o corpo da cobra é projetado em direção à presa, afim de que seus dentes injetores de veneno penetrem no corpo da vítima. A serpente ainda deixa a presa fugir após a mordida, sabendo que ela não irá muito longe, afinal, o veneno causa paralisia nos membros locomotores e órgãos do atingido.
Espécies do gênero da sururucu possuem um veneno tão potente que as presas deixam um rastro químico pelo chão durante a fuga. Trata-se de um mecanismo das cobras para farejar suas vítimas depois do bote e, então, ingeri-las. Normalmente as serpentes iniciam a ingestão da presa pelo lado da cabeça, uma vez que as patas dos animais podem dificultar o processo e/ou causar lesões.
Seu sistema de reprodução é por meio da postagem de ovos, que eclodem por volta de 80 dias. Uma curiosidade é que a sururucu-pico-de-jaca é a única víbora brasileira ovípara, segundo o Guia de Cobras da Região de Manaus. As fêmeas depositam os ovos em buracos no solo e os mantêm protegidos até a eclosão, envolvendo-os com o próprio corpo. (AMDA)