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Vacina contra a Covid-19 já está sendo produzida; quem tomará primeiro?

Por VEJA

Profissionais de saúde, pessoas com mais de 50 anos, portadores de doenças cardíacas e renais ou até crianças, como forma de proteger os mais idosos do contágio.

É longa a lista dos primeiros da fila para receber a promissora vacina de Oxford, pesquisada em conjunto com a AstraZeneca, farmacêutica que fundiu uma empresa britânica e uma sueca.

Para pular etapas, a AstraZeneca, atuando em parceria com Oxford, já tem acordos de produção de dois bilhões de doses mesmo antes dos resultados finais.

Se não mostrasse resultados positivos, as doses já em linha seria descartadas.

Dinheiro não falta. O governo americano injetou 1,7 bilhão de dólares em acordo com a AstraZeneca e Oxford.

É possível que a imunização exija duas doses, o que encarece o custo da vacinação.

Sobre a segurança, uma das maiores preocupações quando a quantidade de pessoas vacinadas potencialmente está acima de 4 bilhões, a “mãe” da vacina, Sarah Gilbert, chefe da equipe de Oxford que já começou na frente, não demonstra preocupação.

Seus trigêmeos de 21 anos, estudantes de bioquímica, foram voluntários nos primeiros testes da vacina, dos quais participaram 1.077 pessoas na Inglaterra.

Divididos em quatro grupos, uns receberam uma dose única, outros duas doses – a segunda de reforço – e os outros dois vacina contra meningite ou placebo.

Os testes com quantidades maiores de voluntários passaram depois para o Brasil e a África do Sul, países onde o vírus está muito mais ativo.

“Não chegamos a discutir muito o assunto porque quase não fico em casa”, disse Sarah Gilbert sobre a participação dos filhos, numa entrevista ao Business Insider.

Provavelmente, nunca uma mãe ausente foi tão necessária para a humanidade.

A equipe liderada por ela e Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner de Oxford, passou de um punhado de pesquisadores para 250 pessoas.

A vantagem é que ambos já pesquisavam há anos vacinas desse ramo usando uma tecnologia especial para apressar o processo.

A técnica usa uma espécie de agente infiltrado, um adenovírus – o do resfriado comum – tirado de chimpanzés e modificado com material genético da “garrinha” do novo coronavírus.

O objetivo, como o de qualquer vacina é o de induzir uma resposta imunológica controlada do organismo.

Como vantagem adicional, a vacina estimulou tanto os anticorpos quanto linfócitos ou células T, criando assim duas barreiras defensivas.

Outra vantagem da vacina de Oxford é que precisa ser refrigerada, mas não congelada, o que encarece o transporte e o armazenamento

Como ela vem em lotes de dez, para apressar, haverá uma enorme demanda pelas injeções descartáveis necessária para a aplicação.

Quem vai tomar primeiro dependerá da decisão individual dos governos. E não implica numa resposta fácil.

Seria mais óbvio vacinar primeiro os mais velhos e mais sujeitos à graves complicações que já mataram mais de 600 mil pessoas.

Mas a vacina pode ser menos eficaz na faixa dos idosos, como já acontece com a imunização para gripe. Faria mais sentido vacinar primeiro os saudáveis jovens, os mais beneficiados por ela, incentivando a imunização de grupo.

E o preço?

Todas as grandes farmacêuticas já prometeram cobrar apenas o custo de produção das vacinas. O custo é negociado com diferentes governos, No caso de vacinas já existentes para outras doenças, países mais pobres pagam menos. Na ponta final, a vacina não é cobrada.

Esse processo já existe. Uma vacina que custa 200 dólares a dose pode sair por quatro ou cinco dólares nos 50 países mais pobres do planeta.

Geralmente, eles se comprometem a comprar pacotes por vários anos para ter o desconto.

Dá para ter uma ideia, então, de quanto vai custar a ChAdOx1 nCoV-19, a vacina com nome de filho do Elon Musk?

O governo americano fechou um acordo com o laboratório Novavax de 1,6 bilhão de dólares pelo primeiro lote de 100 milhões de doses pela vacina que ainda está sendo estudada. Dá um preço de 16 dólares por dose.

A descoberta de não só uma, mas várias vacinas viáveis que estão na corrida, é um prodígio da ciência biomédica. O vírus que todo mundo conhece por causa das ampliações feitas para dar uma ideia de suas formas de alguma maneira ajudou.

Até hoje, não existe uma vacina contra a Aids, que no total infectou 70 milhões de pessoas e matou a metade, 35 milhões.

Muito provavelmente, a síndrome se originou em Camarões, com a “ponte” para humanos feita por um homem que matou e comeu um chimpanzé.

Outro flagelo africano, o Ebola, transmitido através de morcegos contaminados, também não pode ser combatido com vacinas.

Um projeto de “caça ao vírus” em países africanos, financiado pelo governo americano através da agência de ajuda externa, a USAID, já descobriu mais de 900 vírus pesquisando cavernas lotadas de morcegos.

Parece muito, mas empalidece diante da quantidade calculada em 1,6 milhões de vírus ainda desconhecidos, transmitidos através de mamíferos e aves. Desses, entre 600 mil e 800 mil são zoonóticos, e podem atravessar a ponte e entrar em circulação entre humanos.

Podem, também, desaparecer. Foi isso o que aconteceu com o “antecessor” do vírus atual, o SARS.

Também proveniente da China e da família dos coronavírus, ele emergiu em 2003. Provocou 8.000 casos diagnosticados e 700 mortes – quase um nada comparado ao primo atual.

As pesquisas sobre vacinas para a doença nem chegaram a continua: o vírus simplesmente desapareceu.

Há pouca – ou nenhuma – probabilidade de que isso aconteça com o novo vírus. É a vacina que nos imunizar, levar euforia aos mercados, ajudar a recessão a fazer um “V” mais rápido e dar segurança em relação a uma segunda onda no fim do ano.

Haja expectativa.

Sarah Gilbert, a pesquisadora de Oxford, disse que já acorda à 4 da manhã e começa a trabalhar de casa. Depois, vai de bicicleta ao Instituto Jenner e fica até tarde da noite.

Tomara que continue a dormir pouco.

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