Depois de lidar com um caso grave de coronavírus na família — o irmão dela adoeceu –, a física mexicana Mónica Olvera, que pesquisa ciência dos materiais, decidiu mudar o foco e tentar ajudar na busca por uma maneira de neutralizar o Sars-CoV-2.
“Não tenho nada a ver com medicina. Mas quando vimos esse problema tão forte, entramos em ação”, afirmou a cientista à BBC News Mundo. Mónica e sua equipe, que trabalham na Northwestern University, nos Estados Unidos, encaram o vírus da perspectiva física e podem ter encontrado um ponto fraco no micro-organismo responsável pela Covid-19.
A ideia da cientista é bloquear o coronavírus antes que ele seja capaz de invadir e infectar as células do corpo humano. Usando um polímero (espécie de molécula), que ainda está sendo desenvolvido, ela pretende agir na energia de atração entre a superfície do vírus e das células.
“Percebemos que se modificássemos as cargas do novo coronavírus, a atração com o receptor diminuiria muito”, afirma. Até agora, o grupo conseguiu reduzir em 30% a capacidade do vírus de se conectar com as células. O polímero deve demorar mais três meses para ficar pronto e, a partir daí, será preciso encontrar uma forma de administrá-lo — aerossol é uma das possibilidades.
“Queremos criar algo que não seja biológico, que não crie resistência. Evitar que o vírus encontre outras formas de progredir. Acreditamos que pode ser uma forma de enfraquecer o vírus, diferente do que está sendo feito”, explica.