Quando o assunto é superar vulnerabilidades sociais, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), gerido pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH) é uma das ferramentas mais eficazes que a Prefeitura dispõe no apoio às famílias.
Nas oito unidades que existem em Rio Branco, cerca de 100 trabalhadores fazem o elo entre o poder público e as famílias, garantindo atendimento humanizado e suporte ao cidadão.
Atendimentos relacionados à renda como o Cadastro Único para os Programas Sociais e o Bolsa Família são os mais acessados pelas pessoas que buscam a Assistência Social por meio do Cras.
Solicitar desconto na conta de luz através da Tarifa Social de Energia Elétrica e a inscrição para a Carteira do Idoso também podem ser realizados nas unidades.
Contudo, outros serviços essenciais ofertados nesses espaços funcionam para apoiar as famílias a superar outros tipos de vulnerabilidades, além do auxílio à renda. É o caso do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), que envolve visitas domiciliares, orientações, acompanhamentos e encaminhamentos à rede socioassistencial e de garantia de direitos como saúde, educação e segurança.
No Centro de Referência também é possível participar de atividades coletivas que visam a construção e o fortalecimento de vínculos sociais, conhecendo outras pessoas e compartilhando experiências. Nos grupos de crianças, mulheres, idosos e gestantes, os inscritos no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), se habilitam a diversas atividades culturais e de lazer, separadas por faixa etária.
Atual participante do grupo de Mulheres do Cras Cidade do Povo, Dona Simone Rabelo deu uma reviravolta na sua vida ao procurar a unidade do bairro para atualizar o Cadastro Único em janeiro. “Fui para atualizar o cadastro. Na época eu havia sido diagnosticada com depressão. Quando soube que não podia mais trabalhar, por causa da fibromialgia e artrite, fiquei muito debilitada emocionalmente. Chorava bastante e pensava em tirar minha vida”.
Devido à situação de fragilidade emocional, ela conta que aproveitou a oportunidade para perguntar se havia algum psicólogo disponível na unidade que pudesse ajudá-la. “Ao ficar sabendo que tinha psicóloga, pedi pra conversar com ela. Quando olhei no olho dela já comecei a chorar, e então ela me chamou para a sala”.
A psicóloga Fernanda Monteiro, que atendeu Dona Simone, diz que percebeu a necessidade do atendimento imediato que somente é feito em casos extremamente urgentes. “A escuta técnica nos atendimentos particularizados são realizadas mediante agendamentos, no entanto percebi a situação delicada e fiz a intervenção necessária para o momento”.
Fernanda explica que o atendimento psicológico ofertado pelo Cras serve para identificar qual o tipo de encaminhamento deve ser dado ao cidadão. “Se for necessária a intervenção por medicamentos ou psicoterapia, encaminhamos para a rede de saúde. No caso da Dona Simone, foram agendados outros atendimentos e a incluímos no Grupo de Mulheres para que ela construísse outros tipos de relações e vínculos”.
No grupo, Dona Simone participou do curso de Artesanato com Materiais Recicláveis fruto de parceria entre os Cras e a Associação de Mulheres do Segundo Distrito. “Me apaixonei rapidamente porque, além de contribuir com o meio ambiente, eu estava me ajudando a superar a ideia de desistir da vida. Desde o começo me senti amparada por todos. O Cras é muito importante pra mim. Através dele conheci as pessoas que me ajudaram a virar essa página”, afirmou.
Com a pandemia, houve uma interrupção das atividades do grupo, porém o Cras manteve o acompanhamento através de telefone. “Durante uma dessas conversas ela me mandou os vídeos dos artesanatos que estava produzindo. Naquele momento identificamos ela bem mais fortalecida que nos primeiros contatos e realmente empenhada em superar a fase do sofrimento e a ideia de suicídio”, garantiu a psicóloga.
A Coordenadora do Cras Cidade do Povo, Cherles Vasconcelos, destacou o compromisso das equipes das oito unidades de referência no apoio a quem busca superar outros tipos de vulnerabilidades, que não sejam de renda. “Cada funcionário das unidades tem um papel fundamental na condução dos trabalhos de acolhimento e inclusão social. Isso faz toda a diferença, principalmente em casos emocionais como o da Simone, que vai além de problemas financeiros”.
Dona Simone, que agora também comercializa suas artes sustentáveis, vibra ao contar que foi chamada para ser instrutora no próximo curso de confecção de artesanato com materiais recicláveis para os grupos do Cras. “Pra mim é uma realização muita grande o convite de ter a chance de ajudar outras pessoas que estão passando pelo mesmo problema. Hoje eu sei que o Cras não ajuda apenas quem precisa do Cadastro Único e do Bolsa Família”, finalizou.