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Ao EL País, Gladson diz que afastamento de Witzel foi irregular e inconstitucional

Por EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET

O governador do Acre, Gladson Cameli (Progressista), foi um dos entrevistados pelo jornal El País, nesta sexta-feira (28), e se posicionou sobre o afastamento de Wilson Witzel (PSC) do Governo do Rio de Janeiro, nesta última semana, por uma decisão em caráter liminar proferida pelo ministro do STJ, Benedito Gonçalves.

Witzel é suspeito de participar de um amplo esquema de corrupção que envolveria principalmente a área da saúde, com desvios de recursos que seriam destinados ao combate à pandemia de covid-19.

Gladson falou de um “enfraquecimento da democracia”, ao referir-se à decisão do magistrado.

Wilson Witzel (PSC), afastado do cargo nesta sexta-feira/Foto: Reprodução

“Vejo um claro enfraquecimento da democracia. Parece-me que a Constituição Federal não tem sido cumprida em seu direito. Nós, gestores, temos de fazer um juramento, em respeito à Constituição. Temos de honrá-lo. Mas parece que outros órgãos não estão cumprindo essas regras como deveriam’, disse ao jornal.

Quando questionado sobre o risco da decisão para o futuro, Cameli acrescentou: “A Justiça é soberana como qualquer outro poder é. Mas ela criou, sim, um mal-estar. Vivemos uma insegurança imensa. O que ocorreu com o Witzel pode ocorrer com todos nós governadores. Não estou discutindo se ele é culpado ou inocente. Mas a imagem que ficou perante a população é muito negativa”.

“Não quero aqui que o Executivo passe por cima do Judiciário ou de um ministro do STJ. Espero que o governador possa dar suas respostas. Mas o que tem sido feito não é adequado. Prende agora para soltar daqui um tempo. Afasta por uns dias, para depois devolver o poder. Qual imagem fica para a sociedade. A pandemia nos deu lições difíceis. Vou te dar um exemplo, cheguei em um ponto que tive de chamar os órgãos de controle para dentro do Governo do Estado. Eu não mando na iniciativa privada que fez um aumento abusivo de preços em máscaras, respiradores, equipamentos de proteção. Tive de falar para os órgãos de controle: vocês compram que eu pago”, continuou.

O chefe do executivo acreano finalizou a entrevista dizendo que Witzel tem direito a se defender.

“Ele está só um ano e oito meses no cargo. Todos sabem que ele pegou um sistema vicioso que vem de muito tempo. Quem consegue derrubar uma situação dessas assim de um dia para o outro? Ele tem direito a se defender. E o processo legal deveria ser respeitado. Quando fui senador reclamei em várias ocasiões da falta de respeito às regras do jogo. É o que parece que vem ocorrendo agora”, concluiu.

Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão também foi entrevistado pelo site El País.

O Ministério Público Federal pediu a prisão preventiva do governador do RJ, mas o ministro Gonçalves entendeu ser suficiente o seu afastamento do cargo para evitar a continuidade das supostas atividades de corrupção e lavagem de dinheiro apontadas na investigação.

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