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Márcio Bittar: Uma voz na luta pelo sonho de interligar o Brasil ao Peru pela região do Juruá

Por JURUÁ EM TEMPO

Movido pelo sentimento de realizar um sonho antigo do povo do Acre, especialmente do Vale do Juruá, o senador Márcio Bittar (MDB) tem se empenhado para que o projeto de construção de uma rodovia que ligará Cruzeiro do Sul (AC) à cidade de Pucalpa, no Peru, seja concretizado.

O parlamentar vem dialogando, desde o início de seu mandato, com o Governo Federal e tentando convencer às autoridades brasileiras que a integração entre os dois países, pelo Vale do Juruá, é o caminho mais próximo para a exportação dos produtos nacionais para o mundo, já que o Peru se tornaria o caminho mais próximo dos grandes centros industriais brasileiros para o Pacífico.

Para o Senador, o projeto é economicamente viável para os dois países e deve ter um esforço concentrado do Congresso Nacional e do Governo Federal para a destinação dos recursos necessários para a construção da rodovia. Com esse objetivo, Bittar já articulou a visita do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, e do Presidente do Senado Federal, David Alcolumbre, que estiveram no Juruá para tratar do assunto. Em entrevista ao Site Juruá em Tempo, Márcio Bittar falou dos esforços que tem feito para que o projeto se torne realidade. Leia a entrevista:

JT – Por se tratar de um sonho antigo que teve, inclusive, o engajamento de diferentes políticos anteriormente, o que garante que, desta vez, o projeto irá de fato avançar?

Senador Márcio Bittar: De fato é um sonho muito antigo, desde a adolescência eu ouvia o senador Aluísio Bezerra tratar desse assunto. Meu pai dizia que um dia amanheceríamos na estrada e anoiteceríamos no Peru. Essas eram as promessas dos generais, desde a década de 70. Ilderlei Cordeiro (atual prefeito de Cruzeiro do Sul, PP), como deputado federal também tratou desse tema. Durante o governo do PT, Edvaldo Magalhães (PCdoB) trabalhou pela integração como presidente da assembleia. É um desejo da população, uma obra de fato importante, pois é o trecho onde a cordilheira é mais baixa o que nos coloca mais próximo da saída para a costa do pacífico, que abrange a Costa Oeste dos EUA e de toda Costa da Ásia (China, Japão, Coréias, Indochina, etc), e é o maior comércio mundial. Qualquer dois ou três produtos colocados nesse mercado muda nossa realidade.

JT: O que faz o senhor assegurar que o projeto seja economicamente viável para os dois países e que precisa ser concretizado?

Senador Márcio Bittar: Uma obra dessa não pode ser feita se o governo federal não quiser. Quem tem o dinheiro é o governo federal e este tem demonstrado interesse. Tem de haver um acordo econômico, não basta somente a estrada, tem de ter acordo econômico para diminuir a burocracia e a carga tributária. Não é apenas vender produtos entre nós e eles, mas sim, criar produtos entre Brasil e Peru que possam ser oferecidos para o mundo. Os peruanos costumam dizer que têm os portos, mas não tem escala de produção, enquanto para nós brasileiros, é o contrário: temos escala de produção, mas não temos portos para exportação. Precisamos um do outro.

JT – Já que a estrada passaria no meio de uma grande área de preservação, que é o Parque Nacional da Serra do Divisor, como deve ser executado de forma que os impactos ambientais sejam minimizados?

Senador Márcio Bittar: As questões ambientais serão cuidadas, não pode haver derrubada no parque independente do que eu penso. Trecho que passa pelo parque é de aproximadamente 25 quilômetros. Tem de preservar as laterais, criar pontos de visitação. Não sabemos quanto irá representar esse turismo nessa área, mas deve ser feito. Fundamentalmente não vai mudar o parque, o que queremos é dar oportunidade para umas trezentas famílias, mas é em outro trecho, não é perto da estrada, para que possam explorar madeira em sistema de rotação (manejo).

JT – Quais fontes de financiamento estão sendo pensadas para esse projeto e em quanto tempo seria realizado?

Senador Márcio Bittar: Não se trata de uma obra tão cara do ponto de vista do governo federal. São cerca de 150 quilômetros, do lado brasileiro. Espero que seja incluída no plano de obras estruturantes. O presidente pediu para o ministro do desenvolvimento nacional, Rogério Marinho, apresentar um pacote para regiões Norte, Nordeste, e Centro-oeste. Os recursos viriam dos fundos constitucionais. Espero que o ministro Rogério coloque uma parte que será bancada pelo governo por esse pacote de obras no orçamento. Pela importância e significado da obra, de integração econômica e cultural, o investimento não é de grande vulto.

JT – Que tipo de atividades e econômicas serão alavancados com essa estrada?

Senador Márcio Bittar: Não sou eu quem vou dizer quais as atividades e negócios serão alavancados com a estrada. São especialistas e profissionais técnicos. No Brasil temos a Embrapa, o Peru tem órgãos semelhantes. O que deve ser feito é um comitê executivo dos dois países para que façam levantamento das possibilidades, de comércio, e, sobre o que podemos fazer juntos para vender ao mundo a fora. Mas sabemos, por exemplo que eles têm fertilizantes e calcário que sairia barato para nós. Esse levantamento, de potencialidades, tem de ser feito por um comitê executivo.
Já existe uma ligação rodoviária que através da Transoceânica, liga o Brasil via Acre ao porto de Ica no Peru. Contudo, o caminho é mais longo. Por Pucallpa, são cerca de 750 quilômetros até Lima (maior porto do Peru, já no Pacífico), ligados por uma rodovia já em operação desde os anos 60.

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