“Há um sol brilhante e intenso
Um horizonte cinza de fumaça
O inferno se mudou aqui pra perto
E ninguém faz nada, que desgraça.”
Este é o primeiro trecho do poema feito pelo compositor acreano Sergio Souto, sobre a onda de fumaça que estamos enfrentando nos últimos dias.
O texto foi publicado em suas redes sociais, neste sábado (29). Nele, Souto expressa também sua indignação com a falta de representação no Estado para lidar com a questão.
“É uma carga pesada pro pulmão. Nessa hora ninguém nos representa”, desabafa.
Sergio Souto é uma das figuras mais conhecidas da música na região e em todo o Brasil. Suas composições já foram cantadas, inclusive, por outros nomes como Nelson Gonçalves, Fagner, Jorge Vercilo, Jessé e Elba Ramalho. Com o cantor Jorge Vercilo e o poeta gaúcho Sérgio Napp, tem duas de suas mais bem-sucedidas parcerias modernas.
Além de responsável pela criação de “Falsa Alegria”, “Minha Aldeia” e tantas outras canções, ele também é autor do Hino Acreano e do Hino de Sena Madureira.
Confira o poema completo, na íntegra:
É OITO E OITENTA
Há um sol brilhante e intenso
Um horizonte cinza de fumaça
O inferno se mudou aqui pra perto
E ninguém faz nada, que desgraça.
Justo nessa hora de aflição
Meus olhos ardem qual pimenta
É uma carga pesada pro pulmão
Nessa hora ninguém nos representa.
Vivem com os rabos entre as pernas
Atolados até o seus pescoços
Respirando as suas hipocrisias
E o povo em silêncio rói o osso.
São pobres nas suas atitudes
Só enxergam seus próprios umbigos
E a cada dia se tornam mais rudes
Pra nós isso é o maior castigo.
Todo ano é a mesma história
Olhai por nós Deus do universo
Nós merecemos muitas glórias
Queremos ordem e progresso.
Minha aldeia hoje é um míssil
Fabricado lá no Paraguai
Temos mais caciques do que índios
Balança porem não cai.
Fumaça nos olhos dos outros
Refresca mais que uma Fanta
Está difícil a convivência
Com o nó preso na garganta.