21 de abril de 2024

Eleição em São Paulo vai testar forças de Bolsonaro e Doria mirando 2022

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a disputa pela prefeitura deve ser o grande teste do bolsonarismo pós-eleição de 2018. Enquanto Celso Russomanno (Republicanos) faz a principal aposta na popularidade do presidente Jair Bolsonaro, o prefeito Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição, construiu ampla aliança de centro, possível embrião de um projeto presidencial em 2022. [Foto de capa: Arquivo/Agência O Globo]

A aposta em Bolsonaro

Assim como em 2012 e 2016, o candidato do Republicanos à prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, largou na frente, segundo as pesquisas de intenção de voto. Para não seguir o mesmo roteiro das eleições anteriores, quando foi derrotado, ele aposta em um trunfo: o presidente Jair Bolsonaro.

O discurso já foi adaptado — “Os meus pilares são Deus, pátria e família”, disse, durante o lançamento da candidatura. Bolsonaro, em um sinal de apoio, já divulgou nas redes sociais um vídeo do candidato.

Aliados dizem que Russomanno está mais experiente, o que vai ajudá-lo a evitar erros que prejudicaram suas tentativas anteriores. Em 2012, a campanha naufragou após a proposta de que o Bilhete Único fosse cobrado conforme a distância percorrida, o que teria impacto direto no eleitorado de baixa renda.

Russomanno também pretende explorar a imagem de alguém que defende o cidadão de maneira intransigente, construída ao longo dos anos apresentando programas de TV voltados à defesa do consumidor.

Para desgastar os rivais, vai tentar colar no prefeito Bruno Covas (PSDB) a rejeição do governador João Doria, que tem a antipatia de parte do eleitorado da capital por ter deixado a prefeitura sem terminar o mandato. Já contra os candidatos de esquerda, seguirá a cartilha ideológica bolsonarista: os adversários serão tachados de “comunistas”.

Ampla aliança

Candidato à reeleição, o prefeito Bruno Covas (PSDB) formou uma ampla aliança, que inclui DEM e MDB e é uma espécie de ensaio para o projeto nacional do bloco na eleição presidencial de 2022. Uma vitória fortaleceria o governador João Doria e a ideia de uma frente ampla contra o bolsonarismo — na lista de apoio a Covas, está a ex-prefeita Marta Suplicy, que comandou a cidade enquanto estava no PT.

Ao mesmo tempo em que faz parte da empreitada presidencial de Doria, Covas terá o desafio de não deixar que a rejeição ao governador na capital atrapalhe a tentativa de ser reconduzido ao cargo. Um dos caminhos, especialmente se a campanha ficar polarizada com Russomanno, é reforçar o fato de estar em uma ala mais à esquerda dentro do PSDB — durante o mandato, o neto de Mário Covas acolheu nomes mais progressistas, como o ex-secretário de Cultura Alê Yousseff.

A postura de Covas durante a pandemia também se contrapôs à de Bolsonaro, que sempre minimizou a importância da doença. Apesar de algumas medidas mais rígidas tomadas por Covas terem gerado repercussão negativa — como o rodízio de carros, que durou poucos dias —, a maioria dos paulistanos aprovou a forma como o prefeito lidou com a disseminação do coronavírus, segundo pesquisa Ibope recente.

Alternativa ao PT

Terceiro colocado nas pesquisas recentes, Guilherme Boulos (PSOL) começa a campanha com a necessidade de conquistar o eleitor mais pobre dos bairros da periferia para consolidar a boa posição obtida na largada da disputa.

A eleição deste ano dá ao PSOL a chance inédita de romper com a hegemonia do PT no campo da esquerda em São Paulo. Desde 1988, os candidatos petistas na cidade sempre ficaram em primeiro ou em segundo lugar — Boulos já recebeu o apoio público de nomes historicamente ligados ao PT.

Apesar de o bom desempenho entre os eleitores mais ricos e escolarizados, captados nas pesquisas, o comando da campanha do PSOL sabe que uma ida ao segundo turno depende do crescimento entre os mais pobres. Na tentativa de fincar pé na periferia, o candidato vai instalar o seu comitê no extremo Leste da cidade, além de explorar a imagem da vice, a deputada federal Luiza Erundina, que, ao ser eleita prefeita em 1988, recebeu boa quantidade de votos em regiões mais afastadas do centro.

O “anti-Doria” e os ex-bolsonaristas

O ex-governador Márcio França (PSB) aposta em dois eixos: ser o “anti-Doria” da eleição e se apresentar como o candidato capaz de dialogar com a esquerda e a direita, incluindo a tentativa de captar votos de eleitores de Bolsonaro.

“O prefeito atual (Covas) é o Doria. Temos outros candidatos, claro, mas a disputa verdadeira vai ser nós contra eles”, disse França, em evento na última quinta-feira (24).

Outro trunfo é o tempo de propaganda na televisão, inferior apenas ao de Covas.

No campo da direita, Joice Hasselmann (PSL) enfrenta dificuldades por ter rompido com Bolsonaro e perdido apoio entre os eleitores do presidente. Para tentar alavancar a campanha, vai defender bandeiras como o combate à corrupção e à violência.

Já Arthur do Val (Patriota) aposta na força das redes sociais — só no YouTube, comanda um canal com 2,68 milhões de inscritos. Assim como Joice, ele entrou na mira dos eleitores bolsonaristas após críticas ao governo. Também concorrem Jilmar Tatto (PT), Andrea Matarazzo (PSD), Levy Fidelix (PRTB), Orlando Silva (PCdoB), Marina Helou (Rede), Vera Lucia (PSTU) e Antonio Carlos (PCO).

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