Mesmo com pandemia, Cruzeiro do Sul comemora 116 anos de história e emancipação

Nesta segunda-feira (28), a terra dos Nauas e o segundo maior município da capital acreana, comemora 116 anos de uma forma muito diferente, pela primeira vez, durante uma pandemia do coronavírus, com quase 4 mil casos confirmados.

Cruzeiro do Sul, também conhecido como a capital do Juruá, é o mais importante polo turístico e econômico do interior do Acre.

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A terra das ladeiras no Acre/Foto: Reprodução

Cruzeiro do Sul é cercada de construções e monumentos que simbolizam e guardam a história do Acre. O município, cujo nome foi inspirado na Constelação “Cruzeiro do Sul”, teve sua fundação oficializada em 28 de Setembro de 1904, quando a sede do Departamento do Alto Juruá foi transferida para Cruzeiro do Sul. A área escolhida chamava-se “Centro Brasileiro” e foi adquirida do Sr. Antônio Marques de Menezes pelo governo da União. Era localizado à esquerda do barracão central da casa de farinha e de algumas barracas isoladas.

Não se sabe, exatamente, de quem foi a ideia de dar o nome à sede da prefeitura do Alto Juruá de Cruzeiro do Sul, mas a denominação é estabelecida no artigo 2° do Decreto e, com certeza, tem por inspiração a constelação do Cruzeiro do Sul.

Cruzeiro do Sul - AC - Guia do Turismo Brasil

Um pouco de história

A região que hoje compreende o município era habitada por tribos indígenas. Os povos que habitavam o vale do Juruá, divididos em 49 tribos, eram pertencentes a etnias de línguas Pano, e se dividiam em grupos com as suas denominações particulares tais como Ararauas, Catukinas e Curimas. Na época das explorações foram encontradas as tribos dos Náuas, Amahuacas, Jamináuas, Capanáuas e Caxinauás. Ao longo das margens do rio Juruá vivia a tribo dos Náuas, multiplicando-se em tabas, dominando o rio e a selva, no trecho onde está localizado a cidade de Cruzeiro do Sul, até o extremo do extenso Estirão (trecho do rio que corre em linha reta).

Cruzeiro do Sul em 1909/Foto: Documento sob guarda do Arquivo Nacional

Em 1857 ocorre o início das expedições para o Alto Juruá, quando o chefe de índios João da Cunha Correia chegou a foz do rio Juruá-Mirim. Várias expedições foram realizadas, proporcionando o início do povoamento da região. A tribo dos Nauas (os principais dominantes que fez retroceder a expedição do cientista inglês William Chandlesse em 1867) abandonou a localidade a partir de 1870 rumando para o Peru pelos altos rios em função de uma terrível epidemia. Formaram-se seringais como consequência da imigração de nordestinos que, acossados pelo fenômeno das secas, abandonaram os sertões entre 1877 a 1879.

O seringal, já denominado Centro Brasileiro, foi explorado por volta de 1890 e passou a congregar grande número de brasileiros. Em 1896 os primeiros caucheiros peruanos começaram a aparecer. Em 1902, o comissário peruano Carlos Casquez Guadra estabeleceu-se oficialmente à foz do rio Amônea, dando início a uma seqüência de choques entre brasileiros e peruanos. Em 17 de Novembro de 1903, o território do Acre, incorporado ao Brasil pelo Tratado de Petrópolis, foi dividido em três departamentos: Alto Juruá, Alto Purus e Alto Acre, todos independentes entre si e diretamente subordinados ao Governo da União. Cada um dos departamentos era administrado por um Intendente (cargo parecido com o de prefeito atual, só que nomeado pelo Presidente da República, até 1920).

Em 12 de setembro de 1904 o Coronel do Exército Brasileiro Gregório Taumaturgo de Azevedo instalou a sede provisória do município em um local denominado “Invencível”, situado na foz do Rio Moa. No dia 28 de setembro de 1904, o Coronel Thaumaturgo, através do Decreto N° 4, autorizava a transferência da sede da Prefeitura para o Seringal Centro Brasileiro, à margem esquerda do Juruá, pois no antigo lugar faltava área suficiente para o desenvolvimento futuro da cidade, além do problema das inundações periódicas, resultantes das enchentes do rio. Na área do Centro Brasileiro, a geografia apresentava muitas colinas (terras livres de inundações), facilitando a implantação da futura cidade de Cruzeiro do Sul, atendendo, ainda, outras considerações de ordem administrativa e comercial.

Ficheiro:Ponte da União, Cruzeiro do Sul, Acre.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cruzeiro do Sul é banhado pelo Rio Juruá, de águas barrentas, navegáveis e piscosas que banha e divide o município em dois distritos. O nome Juruá é de origem indígena, é uma derivação do nome “Yurá”, usado pelos indígenas que habitavam suas margens. O rio nasce no Peru e, com 2 410 quilômetros de extensão, é o 43º maior rio do mundo.

Suas águas caudalosas e barrentas tem dois períodos distintos: no inverno, especialmente de dezembro a maio, é a época das enchentes, quando ele invade todas as terras baixas; e o período de verão, de junho a novembro, quando suas águas baixam de tal maneira que os barcos e balsas de maior porte não conseguem chegar a Cruzeiro do Sul. Suas margens, após as vazantes, são utilizadas pelos ribeirinhos ou “barranqueiros” para o plantio de produtos agrícolas como: feijão, milho, batata, melancia e outros.

Rio Croa está localizado em Cruzeiro do Sul, município que subiu para a categoria C (Gleilson Miranda/Secom) – Batelão

Rio Croa está localizado em Cruzeiro do Sul/Foto: Gleilson Miranda/Secom

Há uma grande quantidade de lagos espalhados pelo município, localizados, quase sempre, próximos ao Rio Juruá ou a seus afluentes. O aspecto e a largura que apresentam são semelhantes aos dos cursos d’água que passam nas proximidades. Medem, aproximadamente, 6 km de extensão e são, geralmente, piscosos.

A cidade tem, atualmente, de acordo com o último senso de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 89.072 habitantes.

História de Cruzeiro do Sul: A ponte sobre o Rio Juruá - A imagem do ano.

História de Cruzeiro do Sul: A ponte sobre o Rio Juruá/Foto: Reprodução

Programação

A Programação do Aniversário de 116 anos de Cruzeiro do Sul teve início na noite de sábado (26). Em razão do período de pandemia, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Cultura, realiza as comemorações de forma virtual, com o Festival de Lives, envolvendo mais de 60 artistas locais. O Prefeito Clodoaldo Rodrigues realizou a abertura oficial do evento, com a Live Cristã. O evento contou com a benção inicial do Pastor Alex Soares, com a participação do cantor Ulisses Batista e do Ministério Vale Sagrado.

O Secretário Municipal de Cultura Aldemir Maciel enfatizou que o festival tem continuidade neste sábado (27) e na segunda-feira (28) de setembro. Na manhã de segunda-feira também será realizado o tradicional hasteamento das bandeiras.

“Estou muito feliz com esse momento tão importante, onde nossa querida cidade completa 116 anos, são momentos de luta e glória construídos e vivenciados por muitas mãos de pessoas batalhadoras que por aqui passaram. Hoje realizamos a abertura da programação, com as lives, sendo mais uma oportunidade de levar alegria e diversão a população cruzeirense, como ainda de dar oportunidade aos filhos da nossa terra. Cruzeiro do Sul está de parabéns”, enfatizou o prefeito.

O governador Gladson Cameli, natural de Cruzeiro do Sul, felicitou a cidade e os seus conterrâneos:

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