A vendedora autônoma Iete da Silva Lima acreditou que finalmente resolveria seus problemas com habitação ao sair do bairro Seis de Agosto, onde sofria com as constantes alagações, para ocupar uma das casas oferecidas pelo governo no Novo Eldorado. Infelizmente, não foi o que aconteceu.
Oito anos se passaram desde que ela se mudou e o medo de perder seus móveis para as inundações deu lugar ao temor de ver parte da residência ruir sobre sua família.
Enquanto conversava da sala por telefone com a reportagem, ela afirmou que conseguia enxergar a luz do quarto por meio de uma grande rachadura na parede que separa os dois cômodos. A fenda, segundo a mulher, vai do piso ao teto e piora com o passar do tempo.
Iete e outras centenas de famílias foram contempladas com a residência por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, executado pelo governo do Acre, com financiamento da Caixa Econômica.
Os problemas com a residência teriam começado antes da mudança. Ela conta que recebeu a obra sem acabamento no chão, apenas com um contrapiso de cimento. Hoje, há buracos e infiltrações em vários cantos da construção, além de rachaduras no forro.
“Já tive de pintar várias vezes e trocar portas com defeito. Fico assustada com a possibilidade de uma parede dessas cair e colocar em risco minha segurança, a do meu marido e das minhas crianças”, lamenta a trabalhadora.
Anos atrás ela chegou a procurar o Estado para denunciar a situação. Uma visita teria sido prometida em alguns meses, porém até hoje ninguém apareceu para consertar os problemas.
Situação semelhante vive a aposentada Maria de Nazaré Pequeno da Silva, de 83 anos, que há mais de seis anos mora com o filho mais novo na Cidade do Povo, outro conjunto habitacional com casas distribuídas pelo governo.
Ela, que também veio da Seis de Agosto, conta que os problemas começaram a aparecer há cerca de dois anos com rachaduras na sala, no quarto e na cobertura.
“Tenho muito medo de aparecer novos defeitos desses com o passar do tempo e perder minha casa. Fui à Caixa explicar o que acontece e eles disseram que não têm o que fazer. Aí ficamos aguardando a ajuda de alguém, mas não aparece ninguém pra resolver isso”.
Também há registros de problemas no residencial Rosalinda. Além de rachaduras e mofos nas paredes, é possível identificar portas e janelas apodrecidas e falhas na rede de esgoto e água.
Um grupo de moradores buscou a Justiça para ter seus imóveis recuperados. Os processos foram ajuizados em 2019 e ainda tramitam na 4ª Vara Federal Especial do Acre. Eles pedem ainda indenização pelos prejuízos sofridos ao longo dos últimos anos.