Os Estados Unidos estão a caminho de registrar uma dívida pública superior ao seu Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). Os dados oficiais ainda não foram publicados, mas, segundo a CNN, citando cálculos da Comissão por um Orçamento Fiscal Responsável (CFRB, pela sigla em inglês), o endividamento deve chegar a 102% do PIB.
Este é o maior patamar desde 1946 — logo após a Segunda Guerra Mundial —, quando a dívida atingiu 106,1% do PIB.
Segundo um monitor fiscal do Departamento do Tesouro americano, atualizado diariamente, em 30 de setembro a dívida pública era de US$ 21 trilhões. No ano-calendário de 2019, o PIB foi de US$ 21,73 trilhões.
— A dívida hoje é do tamanho da economia. Logo estará maior que em qualquer período da História — disse à CNN a presidente da CRFB, Maya MacGuineas.
Os EUA também estão vendo seu déficit orçamentário crescer. O Escritório de Orçamento do Congresso estima que o rombo para o ano fiscal chegue a US$ 3,13 trilhões, ou 15,2% do PIB. Esse percentual é o triplo do registrado em 2019 e o maior do pós-guerra.
O crescimento se deve, em grande parte, aos gastos federais para combater os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19. Só no segundo trimestre foram US$ 4 trilhões.
O endividamento elevado consome recursos do governo para pagar os credores.
Com a possibilidade de eventos inesperados no futuro — como este ano, com a pandemia —, uma dívida acima do PIB, somada ao déficit orçamentário, aumenta o risco de uma crise fiscal.
Esta semana, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmou que o Orçamento federal está “em um caminho insustentável”. Ele admitiu, no entanto, por causa da crise sanitária, “este não é o momento para dar prioridade a essas preocupações”. [Foto de capa: Kevin Dietsch/Bloomberg]