Familiares de sobrevivente do Holocausto processam produtores de ‘Borat 2’

Está aberta nova temporada de processos judiciais contra Sacha Baron Cohen e seu controverso personagem Borat. E começou antes mesmo da estreia mundial de “Fita de cinema seguinte de Borat”, na última sexta-feira (23), no serviço de streaming Amazon Prime. Familiares de uma sobrevivente do Holocausto que aparece em uma cena do filme estão processando seus produtores e a Amazon por supostamente usarem sua imagem sem permissão, numa entrevista que teria sido concedida sob falso pretexto.

Nesta segunda-feira (26), o Tribunal Superior da Georgia indeferiu a ação movida pelo espólio de Judith Dim Evans contra os produtores de “Borat 2” e a Amazon, distribuidora do filme. Em comunicado, o advogado da Amazon, Russell Smith disse: “O processo acabou. (…) A vida de Judith é uma repreensão poderosa àqueles que negam o Holocausto. Com este filme e seu ativismo, Sacha Baron Cohen continuará sua defesa para combater a negação do Holocausto em todo o mundo”.

Borat é o esdrúxulo jornalista antissemita, misógino e  ignorante do Cazaquistão criado por Baron Cohen em 2006, num filme que fez enorme sucesso mundial ao expor os preconceitos de seus próprios entrevistados — e também rendeu uma série de processos judiciais contra o ator. Apesar de já ter dito que não teria como voltar ao personagem, que se tornou extremamente popular, Baron Cohen decidiu ressuscitá-lo este ano, num filme que aponta suas baterias contra os seguidores extremistas do presidente americano Donald Trump (com direito a citação ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro), e, curiosamente, aos negacionistas do Holocausto.

O espólio de Judith Dim Evans, que morreu entre a entrevista a Baron Cohen, em janeiro, e o lançamento do falso documentário, exige que a participação de Judith seja cortada e do filme e pede US$ 75 mil de indenização. Num relatório enviado ao Tribunal Superior de Fulton, na Georgia, a acusação alega que Judith acreditava estar dando entrevista para um documentário “sério” e que ela teria ficado “horrorizada e chateada” ao saber que o filme “era uma comédia destinada a zombar do Holocausto e da cultura judaica”.

Judith Dim Evans, personagem de ‘Borat 2’: familiares estão processando os produtores do filme [Foto: Reprodução]

O jornalista Mike Fleming Jr conta outra história em uma reportagem no site Deadline, especializada na cobertura de Hollywood e arredores. Segundo ele, pela primeira vez Baron Cohen revelou a um personagem de seus filmes as verdadeiras intenções da gravação. “Por respeito, alguém disse a Evans e à amiga com quem ela compartilha a cena que o próprio Baron Cohen é judeu e interpretaria um personagem ignorante, como um meio de educação sobre o Holocausto”, escreveu Fleming Jr. O filme, inclusive, é dedicado a Judith.

O processo foi aberto antes do filme ir ao ar. [A partir daqui, o texto contém spoilers] A cena em questão mostra Borat numa sinagoga nos EUA, numa fantasia estereotipada até as raias da caricatura, interagindo com duas senhoras judias. Pouco antes, sua filha Tutar (que ele pretende entregar “de presente” ao candidato a vice de Trump nas eleições americanas, Mike Pence), descobre no Facebook que “o Holocausto nunca aconteceu”. É a deixa para ele ir ao encontro de Judith e sua amiga na sinagoga. “Eu estive no Holocausto, eu vi com meus olhos”, ela diz para ele. A cena é uma das mais fortes críticas do filme às fake news, das quais Sacha Baron Cohen tem sido um dos críticos mais contundentes. [Capa: Reprodução]

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