Nesta coluna de estreia, trago uma pequena mostra de artistas da cena acreana. Pouco se fala de ‘arte preta’ em nosso estado, a maioria dos artistas são marginalizados e poucos recebem reconhecimento de seus trabalhos.
De fato, há uma certa bolha privilegiada que fecha os olhos e sobrecarrega os espaços com suas artes brancas. O objetivo desta coluna, além de um recado para a branquitude, é apresentar nossos artistas pretos. Neste exato momento, estamos tomando de assalto a cena. Ela é nossa.
PRINCETON – O PRINCÍPE DO NORTE
Luan Felipe Rodrigues, conhecido como Princeton, é rapper, cantor, compositor e produtor musical.
Em 2018, Prince, gravou seus primeiros sons pela gravadora CabocoLokoRapStudio, onde teve os lançamentos das faixas “Ir além”, “Tempo” e “Diferenciado”.
Seu lançamento mais recente está disponível na plataforma Spotify e se chama Type Guna.
Princenton cedeu entrevista para a coluna, contando sua vivência como negro e artista na sociedade acreana. Confira:
“Hoje, graças a nós mesmos, está mais fácil de muitos negros serem escutados e respeitados na sociedade. Aos longos dos anos, estamos conseguindo nosso espaço, nossa força e os nossos direitos.”
Princeton disse que a melhor forma que encontrou de se expressar foi a música, em especial, o rap. O gênero musical preto, é responsável desde os anos 70 e 80 por denúncias sociais, registros de vivências e empoderamento da comunidade negra.
“A música é onde, juntamente com meus amigos, posso fazer arte e ao mesmo tempo lutar pelos nossos direitos.”
Para conhecer melhor o trampo do Princeton, acesse o instragram @pricentonoficial .
DOUGLAS MERO – O PIERROT SORRIDENTE
O artista Douglas Mero é ator, cantor, comediante e performer. Acadêmica do 7º período de Artes Cênicas – Teatro, já participou do musical O Mambembe, estreado em 2017 e 2018.
Atualmente, faz parte do grupo musical performático POC’S como cantor e performer. Também faz apresentações de Stand-up, onde conta um pouco do seu cotidiano.
Sobre sua vivência negra e artística, Mero relatou que hoje há muita referência preta e jovem dentro do campo da arte, especificamente, na sociedade acreana. Contudo, os artistas negros continuam sendo silenciados e jogados à margem.
“Precisamos de espaços nos quais nossas artes também possam ganhar visibilidade, para que assim, possamos ter pessoas pretas com maior visibilidade e prestígio.”
JAIR LEANDRO – A VOZ DA AMAZÔNIA
Jair Leandro é cantor e compositor acreano. Traz em sua musicalidade vivências e re-existências do cotidiano amazônico. É o canto da liberdade, do respeito, da preservação da natureza e da igualdade entre todos os humanos.
Atualmente, o artivista também é integrante do grupo POC’s Show, grupo que, por meio da arte, atua politicamente para preservar o direito das minorias.
“O racismo estrutural é uma realidade no país como um todo. A sociedade acreana não é exceção. Do centro à periferia, a desigualdade é grande, no recorte de classe e cor. Como jovem negro, não escapei da estrutura. No entanto, acredito e luto pela democratização dos espaços. […] Artisticamente falando, falta de recurso nunca foi um problema para me expressar e produzir arte. Mercadologicamente falando, a indústria musical é seletiva e tem preferência por corpos brancos que, nos seus privilégios, tiveram mais acesso à educação musical e equipamentos de qualidade.”
Semana que vem continuo a mostra de artistas da cena acreana! Espero que tenham gostado da estreia. Eu me chamo Natan Di França, sou negro e também artista. E para mim, é uma honra estrear a coluna dando visibilidade para meus irmãos de cor. A cena é nossa!
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