O jornalista e advogado Glenn Greenwald, cofundador do The Intercept, pediu demissão do portal nesta quinta-feira (29), alegando ter sofrido censura em artigo que escreveu sobre Joe Biden, candidato a presidente dos Estados Unidos pelo partido Democrata.
O comunicado sobre o desligamento do vencedor do Pulitzer foi publicado no site Substack, onde Glenn informou que também vai publicar a coluna em que comenta sobre Biden. Segundo o autor, trata-se de um artigo com “sessões críticas” sobre o candidato e o filho, Hunter Biden. O jornalista afirmou que o veto se deu porque os outros editores do The Intercept estão apoiando o democrata com “veemência”.
“O artigo censurado, baseado em e-mails revelados recentemente e depoimentos de testemunhas, levantou questões críticas sobre a conduta de Biden. Não contentes em simplesmente impedir a publicação deste artigo no meio de comunicação que eu cofundei, esses editores da Intercept também exigiram que eu me abstivesse de exercer um direito contratual de publicar este artigo em qualquer outra publicação”, revelou Greenwald.
Discordância política
O advogado alegou que não via problemas por discordar dos editores politicamente, mas que o portal deveria publicar textos com opiniões diferentes para que os leitores tivessem a liberdade de formar a própria opinião.
Críticas ao The Intercept
No texto, Gleen relembrou, ainda, a própria trajetória como jornalista, desde quando era colunista, e citou que sempre pediu liberdade para escrever o que quisesse, com independência e sem censura, algo que também prezava no The Intercept. Agora, segundo ele, o site age de forma diferente.
“A interação atual do The Intercept é completamente irreconhecível quando comparada com a visão original. Em vez de oferecer um local para a discordância, para vozes marginalizadas e para perspectivas desconhecidas, está rapidamente se tornando apenas mais um meio de comunicação com lealdades ideológicas e partidárias obrigatórias”, criticou, em texto.
Glenn citou, também, a série de reportagens que ficaram conhecidas como ‘Vaza-jato’, em que conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e integrantes da operação Lava-Jato pelo aplicativo de mensagens Telegram foram vazadas para a imprensa.
“O Intercept fez um ótimo trabalho. Seus líderes editoriais e gerentes do First Look apoiaram firmemente as reportagens difíceis e perigosas que fiz no ano passado com meus bravos jovens colegas do The Intercept Brasil para expor a corrupção nos mais altos escalões do governo Bolsonaro, e nos apoiaram enquanto suportávamos ameaças de morte e prisão”, lembrou Glenn.
Por fim, o jornalista ressaltou que estava lidando com os problemas éticos do site, mas a censura foi o gatilho para que o cofundador saísse. O Glenn disse, ainda, que cogita criar um novo meio de comunicação futuramente. [Capa: Lia de Paulo/Agência Senado]