Toda criança tem direito à educação e a literatura deveria fazer parte da vida dos pequenos porque contribui para o desenvolvimento da criatividade e da personalidade. Seja nas salas de aula ou em casa, é preciso incentivar o gosto pelo universo das letras desde a mais tenra idade através da leitura, da escrita ou da contação de histórias.
“Eu não vejo um ensino na escola se não através da literatura, da arte, do teatro, da brincadeira porque essa é a forma intuitiva que a criança se comunica com o mundo e o entende”, defende o professor de Filosofia e escritor Saulo Dourado.
Filho de professores, Saulo, 31 anos, sempre esteve inserido no mundo das palavras. Quando pequeno, brincava na biblioteca do pai e mergulhava nos livros que ali encontrava. “Meu pai é professor de matemática, mas aficionado por livros de literatura. Ele colecionava diversos livros, revistas e enciclopédia. Mas quem sentou comigo para ler esses livros foi minha mãe que é pedagoga e na época era professora de educação infantil”, relembra.
Com a leitura e a escrita, as crianças desenvolvem a criatividade, tomam gosto pela educação e se tornam adultos capazes de se comunicar de forma clara e objetiva. Por isso, os pais, em conjunto com as escolas, precisam estar atentos para estimular os pequenos nessa missão. A literatura entra na vida das pessoas através das escolas e atinge diversas famílias que não tem educação de qualidade.
No Brasil, a taxa de pessoas que não são alfabetizadas passou de 6,8% em 2018, para 6,6% em 2019, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Educação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em julho deste ano. Apesar da queda, o Brasil ainda tem 11 milhões de analfabetos.
Por isso, é importante ter livros de literatura para facilitar e tornar mais lúdico o processo de alfabetização. “O livro enquanto objeto pode não ser mais tão atraente, interativo quanto agora uma tela que se mostra de uma maneira sedutora para uma criança, mas não pode ser substituído”, conclui o escritor.
O papel dos pais na educação
Nas escolas, o espírito de coletividade é desenvolvido pelos pequenos que aprendem as lições sobre a educação e aproveitam o ambiente para interagir com outras crianças e, assim, ampliar horizontes e terem contato com o mundo. Mas, dentro de casa, os pais têm papel essencial na formação do aprendizado dos filhos, seja no auxílio da realização das atividades escolares ou na leitura histórias.
“Meu pai teve um grande papel para despertar meu interesse pela literatura. Ele fazia pequenos saraus na sala de casa, comigo e meus irmãos. Trazia poemas e meus irmãos recitavam. Eu era muito pequena, ainda não sabia ler, mas sempre gostei daquilo tudo que parecia mágico para mim. O tempo foi passando e comecei a fazer meus textos, como já tinha propensão, fui para o caminho da literatura”, revela a escritora e poetisa Palmira Heine que, aos 14 anos, já escrevia poemas e, com 22, lançou seu primeiro livro.
Hoje, Palmira já contabiliza 14 obras publicadas. A mais recente tem lançamento marcado para o próximo sábado. A live literária Bela, a diferente Abelhinha que virou Rainha acontece no dia 18 de outubro, às 15 horas, no instagram da autora @palmiraheine. Com contação da história por Teresinha Passos e participação musical de Ella Beatriz, o livro será apresentado aos leitores mirins de forma lúdica e interativa. Os pequenos vão poder conhecer os desafios da protagonista da obra. Bela era a única abelhinha diferente da sua colmeia e, por isso, chamava a atenção de outros bichos que viviam na região. Os olhares de estranhamento e comentários negativos afetavam a sua autoestima. “As crianças têm acesso a este tipo de discurso e sentem-se mal se estão fora dos padrões estabelecidos. Esse é um tema importante de ser abordado o quanto antes para que as crianças não sofram e não façam os amigos sofrerem por conta das diferenças”, defende Heine.
Palmira acredita na força da literatura e no poder encantador das palavras na vida das crianças. O hábito de contar histórias e mostrar imagens é o que forma a estrutura dos pequenos leitores. Por isso, os pais precisam estimular e serem exemplo. “Ler na frente das crianças é de suma importância, afinal, elas são reprodutoras daquilo que vêm, agem muito mais por exemplo do que pelo que é dito”, alerta.
Além disso, a importância dos textos direcionados para as crianças é imensa porque contribuem para a formação da personalidade. “Tudo que elas têm acesso nesse período de formação vai colaborar na composição do imaginário, sobre determinados aspectos, como por exemplo o bem e o mal, o belo o feio, o aceitável e o não aceitável. E esses são elementos que contribuem na constituição da personalidade”, conclui a escritora.