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Mercado Livre planeja investimento recorde no Brasil para reduzir dependência dos Correios

Por O GLOBO

O grupo argentino de comércio eletrônico MercadoLibre está elevando a aposta na maior economia da América Latina, com planos de atingir novo recorde de investimento no Brasil em 2021.

A companhia mais valiosa da região, que está desembolsando recorde de R$ 4 bilhões neste ano no Brasil, espera superar essa marca em 2021, disse Fernando Yunes, presidente do Mercado Livre para o Brasil.

O plano faz parte de um esforço mais amplo para fortalecer a infraestrutura logística num momento em que a pandemia do novo coronavírus impulsiona as vendas online e acirra a concorrência entre as varejistas.

— Começamos agora o planejamento do ano que vem e queremos investimentos maiores que neste ano — disse Yunes. — Houve mudança estrutural de hábito e o mercado mudou de patamar… O comportamento dos consumidores não deve voltar ao que era antes da pandemia.

O valor de mercado do grupo com sede em Buenos Aires disparou neste ano, atingindo recorde de US$ 61 bilhões e superando pares regionais — como a gigante mineradora Vale, avaliada em US$ 59 bilhões — e outras empresas do setor, como o EBay, com US$ 40 bilhões.

No Brasil, que respondeu por 53% da receita total do Mercado Livre no segundo trimestre, a média de vendas semanais saltou 74% em relação aos níveis de 2019. Visitas diárias ao marketplace alcançaram até 41 milhões em alguns dias neste ano, superando as 32,8 milhões de visitas por dia durante a Black Friday de 2019.

— Gostaríamos de passar dos três dígitos de crescimento na Black Friday deste ano, dado que aprovamos investimento três vezes maior que o do ano passado — disse o executivo. Para isso, acrescentou ele, o Mercado Livre vem reforçando a infraestrutura logística para entregar cerca de 75% de todos os itens armazenados e entregues pela rede própria da empresa dentro de 48 horas após o pedido, ante aproximadamente 55% na Black Friday de 2019.

O Mercado Livre também começou a entregar aos fins de semana e está buscando reduzir ainda mais a sua dependência dos Correios, que entregavam mais de 50% do que o Mercado Livre vendia antes da greve mais recente.

Alguns meses após abrir o seu terceiro centro de distribuição no Brasil, em Lauro de Freitas, na Bahia, a empresa avança em conversas para um quarto CD — desta vez no Sul do país. A companhia ainda está focada em continuar expandindo o sortimento de mercadorias e vendedores.

— Em breve vamos subir duas das maiores redes de farmácias do Brasil na plataforma — disse Yunes.

Os esforços do Mercado Livre para aproveitar os ventos favoráveis do setor ocorrem à medida que a norte-americana Amazon.com e rivais locais, como Magazine Luiza, B2W e Via Varejo, apostam alto em suas operações online, seja de maneira orgânica ou por meio de aquisições.

— Temos o DNA de cumprir objetivos de forma orgânica e não existe um movimento de prospecção de aquisições, o que não significa que não possam acontecer — disse o executivo. [Foto de capa: Sarah Pabst/Bloomberg]

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