24 de abril de 2024

‘Meu cassetete não é limitado como o do Bolsonaro’ diz Joice Hasselmann em entrevista

Em entrevista ao GLOBO, a deputada Joice Hasselmann (PSL) critica repasse de recursos à mulher de ministro acusado de comandar candidaturas laranjas e justifica ‘erro’ em declaração de bens.

A senhora teve mais de um milhão de votos em 2018 e, desde então, rompeu com o presidente Bolsonaro. Hoje tem 3% das intenções de voto, segundo o último Datafolha. O rompimento valeu a pena?

O que eu fiz foi me posicionar em relação aos desmandos da família presidencial. O presidente é quem rompeu com que havia sido eleito. E se os candidatos que começaram lá atrás nas últimas disputas acreditassem em pesquisa, eles não sairiam de casa. Eu não tenho medo de pesquisas. Eu ainda não estou liderando o processo, mas se eu for para o segundo turno, engulo qualquer um.

A senhora recebeu R$ 2 milhões do PSL até agora, menos do que recebeu a candidata do PSL à prefeitura de Palmas (TO). Por que o partido não está investindo na sua candidatura?

São Paulo, por algum motivo, foi asfixiado. O valor per capita que estamos recebendo é o menor do país. Temos cinco mil candidatos a vereador em São Paulo. Dá R$ 2,5 mil por cabeça. Em Goiás, dá R$ 150 mil por cabeça. Então, qual é a inteligência dessa conta?

Joice Hasselmann disputa a prefeitura de São Paulo pelo PSL [Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo]

Janaina Cardoso, ex-mulher do ministro Marcelo Álvaro Antônio, candidata a vereadora em Belo Horizonte, recebeu uma doação de R$ 690 mil do PSL. Ele é denunciado pelo esquema de candidaturas laranjas. Não é contraditório para um partido que cresceu com o discurso da nova política?

Totalmente contraditório. Eu defendo a expulsão do Marcelo Álvaro. Não defendo gente que está até o pescoço investigado por corrupção. Meu cassetete não é limitado como o do Bolsonaro; o meu é democrático.

Tem várias candidatas que ainda não receberam nada. Acha que pode haver de novo denúncias sobre candidaturas laranjas?

Acho que não. Só se houver muita estupidez. Depois da confusão que aconteceu em 2018, eu acredito na idoneidade do Luciano Bivar. Ele me garantiu que não aconteceu. Mas em Minas, com a denúncia já feita, é muita fumaça para não ter fogo.

Em 2018, a senhora não enviou a declaração de bens à Justiça dentro do prazo; depois declarou ter mais de R$ 1 milhão em bens. Em 2020, constam do documento apenas R$ 187 mil. Por que essa discrepância?

Eu enviei (em 2018), mas o partido me sacaneou. Foi uma sacanagem do diretório presidido pelo Eduardo Bolsonaro. Foram declarados (em 2018) o terreno e uma casa em construção. Neste ano houve um erro, porque a declaração passada não foi anexada na declaração (de 2020). Mas (o correto) é exatamente o valor do ano retrasado, com a correção do imóvel deste ano.

No seu programa de governo, a senhora diz que vai transformar o desempregado num empreendedor. Acha que todos os que procuram emprego vão querer abrir uma empresa?

“Todos” é muita gente. Mas eu tenho certeza de que a mulher que hoje está desempregada e vê a possibilidade de andar com as próprias pernas, de ganhar o próprio dinheiro, vai querer. Vou trabalhar com todos que eu puder para transformá-los em empreendedor, porque esse empreendedor vai gerar empregos.

A senhora disse que pretende quebrar contratos públicos com empresas de transporte. Isso não pode gerar uma insegurança jurídica?

Não, porque (se) o contrato foi viciado, a licitação fraudulenta precisa ser anulada na Justiça. Assumo a prefeitura num dia, quebro alguns contratos no outro; e alguns eu vou rever. Vamos abrir concorrência internacional. Vai ter zero subsídio de ônibus.

A senhora prometeu não reajustar o preço do IPTU por dois anos. Quanto a prefeitura vai perder com o não reajuste e como a senhora pretende compensar?

Vou demitir os comissionados todos da prefeitura, com exceção de meia dúzia. E com o tanto de dinheiro que vou cortar com máfia daqui, máfia dali, dá para a gente trabalhar com redução de 20% de IPTU. Vou jogar essa dívida dos comerciantes para 2022. E para aqueles residenciais que ainda se sintam roubados pela prefeitura, mesmo com a redução de 20%, a gente vai oferecer um prazo muito curto para que ele entre com (pedido de) revisão. Se realmente houve um roubo no valor do IPTU, a prefeitura devolve. [Capa: Edilson Dantas/Agência O Globo]

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