Alice Felis ainda não se recuperou totalmente do episódio em que teve o apartamento invadido por um criminoso, em Copacabana, Zona Sul do Rio, em agosto deste ano. Na ocasião, a modelo trans de 26 anos foi brutalmente agredida. Ela ainda trabalha para curar as feridas – físicas e emocionais. Mas encontrou forças para seguir em frente e tentar superar o trauma. Passou por cirurgias e ainda há outros procedimentos pela frente, é verdade. Alice, porém, já tem o que comemorar: retornou às atividades profissionais e participou de duas campanhas. O que a deixa grata “por estar viva” e por “ter a chance de recomeçar”.
“Realizei campanhas para duas marcas nacionais voltadas para o público trans. Estou muito feliz por isso. Foi uma sensação incrível, não tenho palavras para agradecer ao Leandro Buenno e Rodrigo Malafaia pelo convite. Também fiz um outro trabalho, que ficou incrível também”, diz Alice, que detalha o estado de espírito para voltar a trabalhar:
“Eu senti confiança, sim, não tanto pela beleza física (claro que também), mas só o fato de estar viva e ter a chance de recomeçar… Isso não tem preço .”
Apesar da felicidade em “estar de volta”, ainda há um caminho a ser percorrido até que esteja completamente recuperada. Alice já passou por cirurgias no nariz e maxilar, que foram quebrados durante a agressão. Iniciou, na semana passada, a “segunda parte” do tratamento.
“A segunda etapa é o tratamento odontológicos, composto de diversas fases em razão da brutalidade (das agressões). Fiz cirurgia dos dentes, primeiro as extrações de 12 deles. Agora, fico três meses esperando, pois não pude fazer enxerto em razão da secreção acumulada desde a agressão”, detalha a modelo, que, futuramente, usará um aparelho para encaixar os dentes que sobraram e colocará implantes.
Paralelamente a isso, tem o lado emocional. Alice não esquece do que aconteceu e continua com o acompanhamento psicológico. “Quando penso em todo aquele episódio ruim que eu vivi, fico triste ainda. É algo que me dói muito! Estou em fase de tratamento psicológico. Tudo que mais quero é conseguir deixar esse episódio para trás… Sei que nunca vou conseguir esquecer isso, mas uma hora vai amenizar tudo”, desabafa.
Ela quer superar as feridas e, como a visibilidade adquirida com o caso, ajudar outras pessoas LGBTQIA+:
“Precisamos combater todo o preconceito que gera essa violência, que coloca o Brasil como o país que mais mata pessoas trans no mundo. Infelizmente ainda temos que conviver com essa situação triste. Por isso, não podemos nos calar diante dessas situações; temos que falar, sim. Tem que ser sim combatido, e, principalmente, precisamos ser respeitadas (os)”, conclui a modelo.