No Botafogo, recuperação judicial é tratada como ‘última tentativa’

Sem sucesso na primeira tática de captação de recursos para transformar o futebol em S/A, o Botafogo mantém viva a esperança na segunda alternativa. Isso envolve até a busca de investidores estrangeiros. A rota anterior tinha como foco botafoguenses “ilustres”. Se ainda der errado, o cenário apresentado a dois candidatos à presidência do clube é a recuperação judicial.

O momento une o desafio de gestão das contas à eleição de 24 de novembro. A transição se antecipa ao desfecho da disputa entre Alessandro Leite, Durcésio Mello e Walmer Machado.

O terceiro não apareceu no encontro de quinta-feira com a atual diretoria e os presidentes dos conselhos do clube. Os panoramas financeiro e do projeto S/A foram expostos, e isso incluiu a recuperação judicial. Mas a concretização dela não está no radar de imediato.

— Ninguém vai se lançar numa aventura dessas. Até porque o projeto número dois está caminhando. Recuperação judicial seria a última tentativa. Não tendo mais nada a fazer, buscaria isso. Mas não chegamos a esse ponto — diz o vice geral, Carlos Eduardo Pereira.

A reunião com os candidatos não foi para tomada de decisão. O cenário da recuperação judicial já era discutido entre os envolvidos no projeto S/A. Mas há outras condicionantes. Paralelamente à tentativa de capital, há uma negociação com os credores para deságio da dívida, que ainda seria vendida a eventuais investidores.

Na formação do cenário para a recuperação judicial ainda entra a expectativa pela aprovação a lei do clube-empresa, hoje parada no Senado. O texto prevê regras específicas para que um clube, enquanto associação, entre em recuperação. Há quem veja uma brecha no pedido conseguido pela Cândido Mendes, que também é associação sem fins lucrativos. O assunto ainda não foi esgotado na Justiça.

Para o Botafogo, essa medida extrema seria relevante para estancar as penhoras oriundas de dívidas cíveis e trabalhistas. Por outro lado, não permite erros. A permanência no atoleiro implicaria em falência.

— A outra solução ainda está viável. Você tem que ter plano B. Se essa furar, a única coisa seria tentar a recuperação. E isso ainda dependeria da lei. É para poder gerenciar o clube. Hoje em dia, para pagar os salários, precisa do sindicato. Fica inviável fazer qualquer tipo de gestão. Isso foi explicado para os candidatos. Não tem mágica. Se tivesse, a gente já teria feito — acrescentou Manoel Renha, um dos integrantes do comitê gestor do futebol do Botafogo.

Há duas semanas, o Botafogo publicou uma nota explicando o cenário do primeiro modelo de captação. Segundo o clube, “embora alcançado um volume expressivo de recursos, este ainda é insuficiente para iniciar e conduzir um processo de reestruturação à altura da expectativa de sua imensa torcida e conforme projetado”.

O Botafogo ainda enumerou obstáculos no cenário político e social: Números piores do que o esperado na Europa, referentes à covid-19, incertezas quanto às eleições nos Estados Unidos e temores quanto às condições fiscais no ambiente doméstico. [Capa: Vitor Silva/Botafogo]

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No Botafogo, recuperação judicial é tratada como ‘última tentativa’