Já imaginou poder visitar uma das atrações mais conhecidas do mundo sozinho? Foi o que sentiu o japonês Jesse Katayama ao se tornar o primeiro turista a entrar em Machu Picchu depois de sete meses. A visita ocorreu no dia 13 de outubro, e foi especialmente autorizada pelo governo do Peru. A cidadela inca está fechada desde meados de março, por conta da pandemia, e as autoridades locais esperam poder reabri-la aos demais visitantes em novembro.
Mas como e por que essa honra foi concedida a Katayama? A explicação está na história um tanto inusitada da visita desse instrutor de boxe de 26 anos ao país. O Peru fazia parte de uma grande viagem por países sul-americanos, que havia começado em fevereiro, e já havia passado por Brasil (bem no carnaval) e Bolívia. Ou seja, depois de conhecer o carnaval carioca e o Salar de Uyuni, o próximo item a ser riscado de sua lista de desejos seria a cidadela inca, uma das Sete Novas Maravilhas da Humanidade. Mas a pandemia atrapalhou os planos.
Com antecedência, ele havia comprado o ingresso para o dia 16 de março, a data exata em que a o parque histórico foi fechado, devido à crise sanitária. Ao contrário dos muitos turistas estrangeiros que estavam na região de Cusco, Katayama decidiu ficar onde estava. Permaneceu no vilarejo de Águas Calientes, também conhecido como Machu Picchu Pueblo, a principal base de acesso ao sítio arqueológico, na esperança de que, passado algum tempo, a visitação fosse retomada.
Seus planos originais eram ficar na região por três dias, e já se passaram sete meses.— Fiquei aqui com o único objetivo de conhecer essa maravilha e não queria ir embora sem conseguir isso — disse o viajante ao jornal peruano “La República”.
Na região, Katayama acabou recebendo o apelido de “o último turista de Machu Picchu”, e se tornou uma celebridade local, enquanto ocupava seu tempo dando aula de lutas marciais e técnicas de meditação e fazendo trilhas nos arredores.
Segundo o ministro de Cultura do Peru, Alejandro Neyra, tratou-se de “um pedido especial” feito pelo próprio turista.
— Ele havia vindo ao Peru com o sonho de poder entrar — afirmou na segunda-feira à agência de notícia Reuters, o ministro de Cultura do Peru, Alejandro Neyra. — O cidadão japonês entrou juntamente com o chefe do parque para que pudesse realizar esse sonho antes de retornar a seu país.
Só poderão entrar grupos de até oito pessoas por vez, sempre acompanhados por guias. Antes da pandemia, a cidadela inca recebia entre dois mil e três mil pessoas por dia, podendo chegar a cinco mil, na alta temporada. Em março, no último dia de visitação, o número foi de 2.500 turistas.
O ministro afirmou que ao menos 20 museus e sítios arqueológicos do país serão reabertos em 15 de outubro, com 50% de sua capacidade. Entre eles estão a cidade de barro de Chan Chan, no norte do país. Já as Linhas de Nazca, outra atração mundialmente famosa, poderão voltar a receber visitantes em 10 de novembro.
O Peru está entre os países mais afetados pela covid-19 no mundo. Até segunda-feira, haviam sido registrados 849.371 casos, com 33.305 mortes. [Capa: Reprodução]