Segunda-dama da Pensilvânia, brasileira recebe apoio nas redes após ser vítima de racismo

Após ser vítima de um ataque racista no último domingo, a segunda-dama do estado da Pensilvânia, a carioca Gisele Barreto Fetterman, recebeu milhares de mensagem em seu apoio pelas redes sociais. A brasileira, que mora nos Estados Unidos há mais de três décadas, compartilhou seu relato no Twitter, o que gerou comoção na internet. Casada com o vice-governador do estado, o democrata John Fetterman, Gisele contou que estava na fila do supermercado quando uma mulher começou a insultá-la com palavras racistas.

Até a manhã desta terça-feira, o vídeo da cena foi visto mais de 1,5 milhão de vezes no Twitter, e a publicação recebeu 17 mil curtidas e foi retuitada mais de 8,5 mil vezes. Entre aqueles que lhe deram apoio estão o governador do estado, o democrata Tom Wolf, que chamou o ataque de “vergonhoso e inaceitável”.

“A intimidação étnica e o discurso de ódio lançado contra a segunda-dama da Pensilvânia são vergonhosos e inaceitáveis. O racismo é sempre inaceitável e indigno dos cidadãos da Pensilvânia. Ninguém deve jamais se sentir indesejado em nossa comunidade por causa de sua raça ou etnia”, escreveu no Twitter, sendo compartilhado pelo marido de Gisele, que agradeceu o apoio do governador.

Por sua vez, Fetterman, o vice-governador, agradeceu pelo apoio que sua mulher vem recebendo tanto de lideranças do estado quanto de cidadãos americanos. O próprio Partido Democrata na Pensilvânia se posicionou sobre o caso, condenando o ataque sofrido por Gisele.

“Racismo como esse não tem lugar em nossa comunidade. Cabe a todos nós pregar o amor e condenar o ódio quando o vemos. Gisele Fetterman, nós apoiamos você e juntos construiremos uma Pensilvânia melhor”, disse o partido no Twitter.

No vídeo divulgado pela brasileira, uma americana aparece se aproximando da janela do carro de Gisele, tirando a máscara e dizendo: “Você é uma n*”. A expressão usada pela agressora em inglês é considerada a maior injúria racial nos Estados Unidos contra a população negra e remete aos tempos de escravidão no país. Quando insultos similares acontecem, para não repetir o uso da palavra, comentaristas se referem a ela como “a palavra N”. Ela não é sequer escrita por extenso em veículos de mídia. Tem conotação evidente de racismo nos Estados Unidos, e os que as usam entendem que se trata de um insulto.

A polícia da Pensilvânia informou nesta terça-feira que a mulher que atacou a segunda-dama verbalmente foi identificada e está sendo investigada, mas que ainda não houve nenhuma queixa oficial contra ela. O porta-voz da corporação, Ryan Tarkowski, disse em um comunicado que “os resultados da investigação serão encaminhados ao promotor distrital do condado de Allegheny”.

Nascida no Rio de Janeiro, Gisele se mudou para os Estados Unidos com a mãe quando tinha 7 anos e viveu até os 22 anos de maneira ilegal no país. Ela é conhecida por sua atuação em favor dos direitos humanos e na defesa dos imigrantes que ainda não legalizaram a sua situação no país.

Considerado um dos estados cruciais na eleição presidencial deste ano, muitos dos comentários em apoio à Gisele faziam ataques ao presidente americano, Donald Trump, que concorre à reeleição pelo Partido Republicano. Pelo Twitter, as publicações afirmavam que Trump dava aval a esse tipo de comportamento racista e alegavam que a mulher que fez o ataque seria “uma típica eleitora” do presidente.

“A destinatária desta bomba da palavra N lançada por esta ‘boa pessoa’ é a mulher do vice-governador da Pensilvânia. MAGA?”, escreveu o deputado estadual da Flórida Michael Grieco, fazendo menção ao bordão de Trump, “Make America great again” (“Tornar os Estados Unidos grandes de novo”, na tradução literal). [Foto de capa: Paola de Orte/Agência O Globo]

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