Xuxa começou sua coluna na edição de outubro da Vogue Brasil dizendo que usaria o espaço para desabafar novamente. Desta vez, a apresentadora criticou os religiosos que usam o nome de Deus para praticar intolerância e falou sobre o pastor Silas Malafaia sem citar seu nome. “As coisas estão cada vez mais insuportáveis. Algumas pessoas acham que somos burras”, escreveu ela.
Malafaia condenou Xuxa por ter escrito um livro sobre uma menina que tem duas mães e gravou um vídeo direcionado a ela dizendo que “Deus fez o macho e a fêmea, e isto é cientificamente comprovado”. A apresentadora, que teve a ideia para a obra literária a partir da história de vida de sua afilhada Maya, respondeu ao comentário homofóbico do pastor em sua coluna.
“Deus fez absolutamente tudo, cientificamente provado ou não. O que ele não fez foi o preconceito e a discriminação. Isso sim é coisa do cara lá de baixo. Não aceitar o próximo que é gay ou não, trans ou não, macho ou não, fêmea ou não, é ir contra o mais lindo mandamento: somos todos filhos Dele. Preconceito é crime e usar o nome Dele para isso acredito ser um crime mais pesado ainda”, escreveu.
A apresentadora citou dados para afirmar o óbvio: uma criança pode ser cuidada e amada independentemente de como sua família é composta. “Mais de 57,3 milhões de famílias são mantidas por mulheres que criam seus filhos sozinhas — pois foram abandonadas por seus ‘machos’. E 75% das crianças que sofrem algum tipo de violência, seja ela física, sexual ou psicológica, vem de seus responsáveis. Ou seja, de dentro de suas casas”.
Experiência pessoal
Xuxa comentou sobre sua experiência pessoal. “Por que você acha que a maioria das pessoas que falam sobre abuso sexual só fazem isso depois dos 30 anos de idade? Porque pessoas como este senhor podem fazer chacota, não acreditar, duvidar do sofrimento de alguém e pior, menosprezar – como ele fez com os abusos que eu sofri. O fato de ter sido abusada e não ter reclamado na hora é um trauma que levo por toda vida”, escreveu ela.
A rainha finaliza a coluna com um recado. “Não precisamos usar camisa para dizer que somos contra a pedofilia. Tampouco para dizer que a criança veio ao mundo para ser amada. Se for para usar alguma camiseta, que seja essa: amor. Mais amor nas palavras desses políticos desinformados e que amam usar as crianças em suas campanhas e dizem: “eu fiz isso”, “eu fiz aquilo”. Não falem o que vocês fazem pelas crianças. Façam, é sua obrigação”.