O Amapá sofreu um novo apagão nesta terça-feira (17). De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), houve um novo desligamento de energia no estado, às 20h31 desta terça-feira.
Treze dos 16 municípios do estado ficaram sem energia. São as mesmas cidades afetadas pelo apagão do dia 3, que iniciou uma crise no fornecimento de energia no estado sem solução definitiva até agora.
Há relatos de que o centro da capital do estado, Macapá, está sem energia pelo menos desde 21h05. A situação começou a ser restabelecida depois das 22h15. A capital do estado estava às escuras por volta de 23h desta terça-feira, em meio a um clima de grande insegurança.
‘Apagou tudo’, conta moradora
Por volta das 22h20m, havia relatos de que a energia havia sido restabelecida em parte da capital, mas não em toda a cidade.
— A gente estava no sistema de racionamento aqui no bairro Alvorada, onde estou, e era para acabar a energia só 22h, mas apagou total por volta de 20h20. Uma amiga chegou na minha casa e relatou que tinha andado por toda a cidade e estava tudo apagado. Ninguém tem informação do que é. Nos grupos de WhatsApp, quando aparece sinal, estão falando que estão todos sem energia. Não temos muita informação do que aconteceu, porque caiu telefonia e internet também.
A jornalista e escritora Yueh Fernandes, moradora do bairro Santa Rita, na região central de Macapá, contou que a energia acabou às 20h30, mas retornou por volta das 22h. Segundo ela, por estar num bairro nobre, não tem sofrido como grande parte da população macapaense.
— Aqui no meu bairro retornou, porque moro na área central, mas não sei se retornou no restante da cidade — contou Yueh. — Esse rodízio é uma mentira, só existe na periferia. Os bairros centrais permanecem sendo abastecidos 24 horas por dia, mesmo que esteja programada a falta de luz por certo período.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que “o sistema elétrico apresentou instabilidade e as causas estão sendo investigadas”. “O sistema está sendo restabelecido gradualmente”, diz o texto.
A Gemine Energy, que administra a subestação que pegou fogo no início do mês, disse que o apagão desta noite não foi causado pela unidade ou pela linha de transmissão que administra.
A empresa disse ainda que “não há nenhum problema no transformador da subestação LMTE, que segue disponível desde a ré-energização em 7/11, e vem operando com alta performance”. A empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) pertence à Gemine Energy.
O problema está relacionado à distribuição de energia na cidade. Procurada, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) informou que ainda apura o que ocorreu.
Uma fonte informou ao GLOBO que o problema foi causado por uma unidade de energia da CEA localizada no bairro de Santa Rita. Um problema técnico nessa unidade causou uma falha na conexão com a subestação da LMTE, que liga o estado ao Sistema Interligado Nacional.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) usou as redes sociais para denunciar o novo blecaute, como o que aconteceu no último dia 3, com o incêndio na subestação de Macapá, que danificou transformadores.
Crise começou no início de novembro
Há pouco mais de 10 dias, o estado passou por um blecaute após o incêndio do transformador de uma das subestações de Macapá.
Na ocasião, 16 municípios ficaram sem eletricidade. A crise gerou desabastecimento no estado e muitas famílias se queixavam da dificuldade para comprar alimentos e água.
O blecaute levou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a viajar para o estado, mas a demora em resolver o problema gerou repercussão negativa em todo país.
Como o GLOBO revelou, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não fez fiscalizações presenciais na subestação desde que o equipamento entrou em operação, há cinco anos.
Mais cedo, durante uma comissão do Congresso, o diretor da Aneel, André Pepitone da Nóbrega, foi questionado sobre a atuação da agência em relação à fiscalização, mas evitou responder diretamente aos questionamentos.
Segundo o diretor, o relatório com a análise das causas do apagão deve ficar pronto em 10 dias e será encaminhado aos parlamentares. [Capa: Amanda Carvalho/Agência O Globo]