Em agosto de 2019, o deputado federal Alexandre Frota tomou uma decisão radical; deletou suas contas no Twitter, Facebook e Instagram. Após mais de um ano off-line, ele decidiu voltar e já criou as novas contas verificadas. As publicações estão previstas para serem retomadas em janeiro de 2021, para marcar um recomeço.
– Eu excluí minhas redes sociais porque elas tinham sido trabalhadas durante quatro anos em cima do bolsonarismo e eu não quero mais contato com eles. É muito bom ficar fora das redes sociais, você vive com mais qualidade de vida, não fica preso e nem refém – avaliou.
Com a decisão, o parlamentar deixou para trás cerca de 1,5 milhão de seguidores no Facebook, 300 mil no Twitter e 150 mil no Instagram. Junto com as novas redes, Frota traz uma proposta de um movimento na Câmara dos Deputados antigovernista, para fazer uma oposição forte contra o presidente Jair Bolsonaro, que segundo ele já tem 15 deputados como adeptos.
– Esse grupo não faz parte do ‘centrão’, muito menos transita com bolsonaristas. São 16 votos, que tem um peso na Câmara em qualquer decisão – explica, afirmando ser o líder, junto com mais dois deputados, do coletivo. Ao ser questionado a respeito dos nomes que compõem a união, Frota faz mistério e diz que não tem autorização para falar sobre os demais.
Frota, que de aliado se tornou rival, garante que tem marcado duro em sua oposição ao presidente. Embalado pelas eleições nos Estados Unidos, ele conta que enviou uma carta para o candidato à presidência democrata Joe Biden relatando que Bolsonaro escolheu Donald Trump como seu aliado, que ele não se importa com o aquecimento global e que sua política tem contribuído para agravar a situação da Amazônia, que sofre com queimadas.
Frota também enviou um ofício para o Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a legitimidade do uso do perfil pessoal de Jair Bolsonaro para fazer as lives semanais de prestação de contas do governo, com direito a declaração de apoio a candidatos em campanha eleitoral.
– A instituição da Presidência da Republica não pode, sob pena de ferir a impessoalidade do serviço público, fazer divulgação de candidatos à prefeitura ou a cargo de vereador – justificou.
O parlamentar também está empenhado em fazer sua opinião valer na disputa pela presidência da Casa, que acontece no mês que ele escolheu voltar para as redes sociais, janeiro de 2021. Ele garante que está trabalhando para garantir que o deputado Arthur Lira (PP-AL), apontado como o candidato de Bolsonaro, não consiga o cargo.
– Não vamos deixar o Arthur Lira vencer a eleição. Ter ele ali é dar ao Bolsonaro o comando da Câmara, e isso não vai acontecer. Tenho trabalhado junto com outros deputados e tenho conversado com o presidente da Casa, Rodrigo Maia – contou o parlamentar, que cita o deputado Alessandro Molon (PSB- RJ) como um bom nome para o cargo.
Como estratégia para influenciar na disputa, o deputado gravou uma série com sete vídeos, fazendo críticas aos pré-candidatos ao cargo de presidente da Câmara. Arthur Lira, após assistir ao seu vídeo, em que Frota o chamou de ‘Rei Arthur’ e disse que o parlamentar alagoano é réu por corrupção, não gostou e mandou um WhatsApp reclamando.
As mídias serão publicadas no novo canal de Youtube de Frota, que está no ar desde o final de outubro. [Capa: Gabriel de Paiva/Agência O Globo]