Artigo: Verdades Desconcertantes

Em nosso país, há inúmeros obstáculos ao crescimento e ao desenvolvimento social: persistente cultura estatizante, excesso de burocracia e regulação, desrespeito às leis da economia, avassaladora confusão fiscal, escorchante carga tributária, falta de saneamento básico, impunidade e criminalidade generalizadas, profunda insegurança jurídica, inflexibilidade das leis ambientais, desequilíbrio das relações federativas, permanência de privilégios a poucos, desperdícios e péssima qualidade dos gastos públicos. Precisaremos enfrentar tais desvios e problemas para engrenarmos, minimamente, um caminho de crescimento duradouro e não apenas patinar em meros voos de galinha.

Dentre todas mazelas, a mais vergonhosa é a péssima qualidade de ensino prevalente e generalizada. Experiências bem-sucedidas até existem, porém são muito insuficientes para elevarmos os padrões nacionais de aprendizado. Estamos mergulhados em um amplo analfabetismo funcional e no despreparo técnico de nossos jovens. Não cumprimos nossas obrigações mais básicas como ensinar a ler, a escrever e a contar com competência.

Ainda, não ensinamos profissões técnicas e nossas universidades, pagas a peso de ouro, patinam nos rankings internacionais e contribuem pouco para o avanço da ciência. Precisamos enfrentar sem tergiversações o péssimo ensino nacional. E jamais podemos esquecer: o MEC estima o investimento público total anual em educação de 6,3% do PIB. É uma montanha impressionante de recursos para resultados pífios e vexatórios. Não há desculpas plausíveis para o que está acontecendo.

Com péssimos resultados e desresponsabilização generalizada, somos ineficientes da pré-escola à pós-graduação. Pior, ninguém parece ter ou assumir culpas e deveres a serem cumpridos. Lamentavelmente, a falta de ensino adequado e eficiente não comove e não promove passeatas, revoltas ou tomada de consciência por parte dos gestores, professores, famílias e estudantes. Concordo com o filósofo Olavo de Carvalho que disse conviver no Brasil um verdadeiro culto ao diploma e um profundo desprezo ao conhecimento e à alta cultura.

Vejamos dados. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é um estudo internacional feito a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O Pisa aplica testes cognitivos sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos. Em 2018, 79 países participaram da avaliação. A média de proficiência dos estudantes brasileiros em Leitura foi de 413 pontos, 74 pontos abaixo da média dos estudantes dos países da OCDE. Em Matemática, a média foi de 384 pontos, 108 pontos abaixo da média da OCDE. Por fim, em Ciências, os nossos jovens ficaram 85 pontos abaixo da média.

Os resultados mostram que o nosso futuro pode estar condenado pela falta de seriedade na educação. Convivemos com metodologias de ensino ultrapassadas, alfabetização precária, professores mal formados, desmotivados e desrespeitados, má gestão dos recursos e falta de esforço palpável das famílias e dos estudantes. A Nação parece não entender a importância da educação e as consequências da ignorância e incultura. Estamos profundamente doentes quando falamos de ensino. Estamos perdendo a corrida por uma educação mais efetiva e produtiva.

Para complicar ainda mais, a esquerda, há muito, ocupou e aparelhou universidades e escolas e invadiu as salas de aula armada de ideologias e politicagem barata. Temos uma escola que não ensina, não encanta e não motiva. A consciência dos profundos problemas que corroem o ensino nacional, nos impõe a urgente tarefa de enfrentar sem mentiras, sem fantasias e sem hipocrisias o descaso com o aprendizado no país. Digamos que seja urgente uma profunda reforma educacional. Que Deus nos ajude nessa negligenciada tarefa.

Marcio Bittar é senador pelo Acre

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