Eleito em setembro deste ano para o cargo, em um movimento articulado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o americano Mauricio Claver-Carone, corre o risco de não contar mais com o apoio do Brasil.
Nos bastidores, a informação é que o governo brasileiro só continuará ao lado de Carone se o atual secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, assumir o comando do BID Invest, braço de investimentos privados da instituição.
O Brasil, que foi aliado de primeira hora da candidatura do americano, pode acabar dando força para uma mudança no comando da instituição. Segundo antecipou O GLOBO na última terça-feira, parte do Partido Democrata — do presidente eleito dos EUA, Joe Biden — defende que o banco volte a ser presidido por um latino-americano, como tem sido nos últimos 60 anos.
Desde que concordou em ceder a vaga da presidência para os EUA e, com isso, desistir de uma candidatura própria, em junho deste ano, o governo brasileiro só vem perdendo espaço na instituição multilateral de crédito. O Brasil não conseguiu ocupar nenhuma das vice-presidências do banco, posto que até a Argentina, que se aliou a outros países da região que se posicionaram contra a eleição do americano, conseguiu.
Carone escolheu a hondurenha Reina Mejia para a vice-presidência executiva e deu as demais vagas para o Equador, o Paraguai e a Argentina. Chegou a sugerir para o “board”, o conselho do BID, o nome de Alexandre Tombini, que foi presidente do Banco Central do governo Dilma Rousseff. Porém, a ideia foi rejeitada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Agora, a nomeação de Carlos da Costa tem se tornado cada vez mais difícil. Além do desejo de James Scriven, argentino com cidadania britânica, de permanecer à frente do BID Invest, alguns países europeus que são acionistas do banco defendem a abertura de um processo seletivo, e não uma indicação política.
Com sede em Washington, o BID foi criado em 1959. O banco tem como foco o financiamento de projetos de desenvolvimento na América Latina e no Caribe. Já o BID Invest é a parte da instituição responsável pelos investimentos em projetos privados de pequeno e médio portes. [Capa: Leo Pinheiro/Agência O Globo]