Deputados querem tirar Eduardo Bolsonaro da Comissão de Relações Exteriores

Deputados que presidem frentes parlamentares de relações com a China encaminharam ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um requerimento solicitando a deliberação da saída de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Casa.

O requerimento pede que o plenário da Câmara decida se Eduardo deve ou não continuar à frente da comissão.

O filho do presidente Jair Bolsonaro presidiu o colegiado em 2019. Em 2020, por causa da pandemia da covid-19, não houve instalação e nova eleição para a presidência da comissão, o que fez com que Eduardo permanecesse como presidente.

No requerimento encaminhado à presidência da Câmara, a líder do PCdoB e presidente da Frente Parlamentar Mista de Fortalecimento da Cooperação entre os Países do Brics, Perpétua Almeida (PCdoB-AC), o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, Fausto Pinato (PP-SP), e o presidente do grupo parlamentar de amizade Brasil-China, Daniel Almeida (PCdoB-BA), apontam que as mais recentes publicações de Eduardo no Twitter são “uma afronta às boas relações diplomáticas que construímos há mais de 45 anos e que beneficiam os dois países”.

Na segunda-feira, Eduardo fez uma postagem em seu perfil no Twitter sobre a tecnologia 5G em que falava de “espionagem da China”. O tuíte foi publicado na noite de segunda-feira e apagado na tarde de terça, logo após uma reunião de Jair Bolsonaro com Fabio Faria e conselheiros da Anatel, justamente sobre o 5G.

Um dos autores do pedido e presidente da frente parlamentar Brasil-China na Câmara, deputado Fausto Pinato (PP-SP), criticou a postura do filho do presidente. Para ele, esta altura o governo. Para ele, o governo da China já começou a redirecionar os investimentos que destinava ao Brasil, como na compra de produtos do agronegócio, para outros países.

— E logo seremos carta fora do baralho para a gigante China. Não fosse assim, jamais autorizaria seu embaixador expedir esta nota de repúdio, mesmo depois das enxurradas de calúnias e difamações publicamente já externadas na mídia em geral por membros do governo e pelos próprios Bolsonaro — disse Pinato.

Ele destaca que, ao contrário do Brasil, a reação da China não teria sido publicada sem o conhecimento do governo central do país e sem pensar nas consequências.

O deputado criticou também o que vê como a repetição de ações do presidente norte-americano Donald Trump e de declarações do guru do Bolsonarismo, Olavo de Carvalho, que também têm posturas de ataque à China.

— Acho que é chegada a hora de parar de repetir no Brasil as palhaçadas encenadas por Trump e Olavo de Carvalho. Temos que parar de bater bumbo pra doido dançar. Vamos pensar exclusivamente no interesse do Brasil, na nossa balança comercial e no nosso agronegócio, em especial — concluiu. [Capa: Edilson Dantas/Agência O Globo]

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