O cigarro mais consumido no Brasil se chama Eight e pode ser adquirido por menos de R$ 4 – o preço médio de um maço no país é de pouco mais de R$ 7. Sua fabricação ocorre fora do território nacional. O Eight, produzido no Paraguai, responsável pela produção anual de 70 bilhões de cigarros, é ilegal.
O pequeno vizinho do Brasil não consome nem um décimo da quantidade que produz. Boa parte dessa produção escoa no país via contrabando. É um mercado milionário, comparável ao tráfico de cocaína. Como o cigarro não é ilícito, seu contrabando ainda é visto como crime menor.
É essa a ideia geral do documentário Cigarro do crime, que será lançado nesta quinta-feira (14). Produzido pela Vice Brasil para o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), é dirigido pelo fotojornalista João Wainer. Ao longo de 45 minutos, a repórter Débora Lopes acompanha toda a cadeia do cigarro paraguaio, da produção à venda em pequenos comércios nas favelas brasileiras.
O filme foi rodado em São Paulo, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e nas cidades paraguaias de Assunção e Ciudad del Este. Foram entrevistados jovens consumidores, trabalhadores da periferia de São Paulo, policiais, promotores e jornalistas, além de pessoas que atuam no contrabando diretamente.
Seis de cada 10 cigarros consumidos em nosso país vêm do Paraguai. O documentário traz imagens tão impressionantes quanto os números. Em um galpão no Brasil, a repórter tem acesso a um carregamento apreendido de dois milhões de maços.
Há também perseguições policiais – parece coisa de filme. Contrabandistas pilotam veículos turbinados que podem alcançar 250km/h (chamados ‘cavalos doidos’) em estradas secundárias. Quando eles se veem perseguidos, os carros soltam fumaça pela pista para tentar despistar a polícia. Outro método comum é jogar pregos na estrada para furar os pneus das viaturas.
Débora conversa com uma mulher que durante anos atuou como contrabandista, fazendo por terra a rota da mercadoria. Em seus melhores dias, ela chegou a receber R$ 100 mil.
CIGARRO DO CRIME
Estreia nesta quinta (14). Disponível gratuitamente no site www.vice.com e no canal do YouTube do FNCP. [Capa: Vice/Divulgação]