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Escritor e ex-deputado Moisés Diniz reflete sobre a simbologia de Manacapuru

Por MOISÉS DINIZ

Manacapuru é uma cidade linda, quase europeia, no meio da floresta amazônica.
Ir a Manacapuru é tomar banho na humildade, reconhecer os erros e ter tempo pra avisar aos vencedores que as batatas crescem em roçados diferentes, a cada eleição.
Manacapuru não ensina os vencedores, porque acham que foram ungidos pelo povo, não avaliam com rigor a conjuntura, nem a força do dinheiro, passam a ser anjos e ver os perdedores como demônios. Manacapuru só ensina os perdedores.
Mas, é preciso que os vencedores percebam que em Manacapuru também tem dor, gente sem emprego, filhos sem faculdade, entrada de agiotas na vida de outros, bens preciosos vendidos, como suas próprias casas. É preciso respeitar Manacapuru e suas perdas.
Manacapuru transforma mendigos em guerreiros e ensina que a política é arte, uns usam como arte da guerra, alguns como arte da enganação e outros como arte do coração.
Manacapuru nos torna mais livres, mais atentos, faz a gente ver quem é leal, quem é amigo de verdade e quem abraça com braços de urso.
Mas, infelizmente, Manacapuru não ensina a todos. Alguns acham que perderam por mil motivos, menos por culpa deles mesmos, outros seguem arrogantes, achando que, sem eles, a eleição fica feia, injusta e sem graça. Esses costumam visitar Manacapuru mais vezes. É a sina da arrogância.
Manacapuru é quase um mosteiro, aonde os bispos descobrem que não são mais importantes do que os padres, aonde o silêncio pode dizer mais do que mil palavras de ordem.
Manacapuru é folclore, é arte, diversão, lugar dos vencedores fazer graça com a turma da balsa, mas, é também ensinamento. Manacapuru é um livro sobre democracia, de saber ganhar e também perder, por incrível que pareça, lugar também de filosofia.
Manacapuru é quase uma ressurreição. [Capa: Adneison Severiano/G1 AM]
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