18 de abril de 2024

Eu estava lá: O gol de mão de Maradona, ou melhor, de Deus, na Copa de 1986; veja fotos

Eu estava lá naquele ensolarado 22 de junho no Estádio Azteca, na Cidade do México, em 1986. Eu vi e contei para todo mundo o que ele fez contra a Inglaterra. Eu fiquei com inveja de naquele dia ele não ser brasileiro. Tinha 29 anos, cobria a minha segunda Copa do Mundo — a primeira fora pelo O GLOBO – desta vez pelo “Jornal do Brasil”. Os primeiros 45 minutos foram envolvidos pelo tédio, caracterizado por excesso de cautela. Mas veio o segundo tempo e, aos seis minutos, tudo se transformou. Em lance que nem sempre se dá muita atenção, a bola foi alçada e o pequeno Maradona (alegados 1,65m) sobe com o goleiro Peter Shilton (comprovados 1,85m) e a bola morre no fundo do gol.

Na tribuna de imprensa, a dúvida surge: como ele ganhou do Shilton? Um jornalista inglês vocifera: “foi de mão”, diz, entre revoltado e incrédulo, enquanto jornalistas argentinos celebram e o brasileiro aqui fica em dúvida, por racional que é, não acreditar que o baixinho poderia ser mais efetivo pelo alto.

Em polvorosa, o estádio discute, a temperatura fica ainda mais alta. A legalidade está nos arquivos de lances mais controversos das Copas. E ouso afirmar que ali foi jogada na árida terra do jardim da Fifa a primeira semente para o nascimento do VAR.

A digestão do primeiro gol é feita com dificuldade. Mas aí vem uma obra de arte. Não concebida em ateliê, sala de cinema, páginas de livros ou estúdio. Obra de arte feita com os pés, olhar aguçado, raciocínio ágil. Começa no meio e termina em comemoração. Não necessita de moldura, dispensa explicação, apenas avisa: DESFRUTE!

Tal e qual os versos de Gilberto Gil, o Estádio Azteca se transforma no melhor lugar do mundo. Aqui e agora! A cada um dos 11 toques com a “surda” (perna esquerda), Maradona fez o estádio levantar. A cada adversário que ficava para trás, o estádio entrava em êxtase e quando a bola cruza a linha fatal até quem não era de vibrar vibrou, quem não era de chorar chorou, quem era de brigar abraçou e o que senti, a partir daquele momento, foi a certeza de que estava no paraíso.

Fui testemunha ocular da história, tal e qual os bons repórteres de outras épocas, e a imagem da arrancada, dos dribles, da relação siamesa de pé esquerdo e bola até hoje estão nas retinas. Eu estava lá e dá um baita orgulho ter essa história para contar, pois ela, assim como Maradona, é IMORTAL!!! [Capa: Staff/AFP]

Galeria de imagens:

Pessoas se reúnem para lamentar a morte da lenda do futebol argentino Diego Maradona do lado de fora do estádio San Paolo em Nápoles, Itália [Foto: Ciro de Luca/Reuters]
Torcedores do craque argentino Diego Maradona cantam slogans em frente à entrada do estádio argentino Boca Juniors La Bombonera, onde as pessoas se reúnem para lamentar sua morte em Buenos Aires [Foto: Alejandro Pagni/AFP]
Pessoas se reúnem no topo do Quartieri Spagnoli em Nápoles em 25 de novembro de 2020 por um mural de 1990 representando a lenda do futebol argentino Diego Maradona, após o anúncio da morte de Maradona [Foto: Carlo Hermann/AFP]
Torcedor presta reverência a Maradona, em frente ao condomínio onde fica a casa do craque argentino, em Benavidez, na província de Buenos Aires [Foto: Juan Mabromata/AFP]
Pessoas se reúnem no topo do Quartieri Spagnoli em Nápoles em 25 de novembro de 2020, perto de um mural de 1990 representando a lenda do futebol argentino Diego Maradona, para lamentar o anúncio da morte de Maradona [Foto: Carlos Hermann/AFP]
As pessoas acendem uma bomba de fumaça ao lado de um retrato da lenda do futebol argentino Diego Maradona, enquanto eles se reúnem no topo do Quartieri Spagnoli em Nápoles em 25 de novembro de 2020 para lamentar o anúncio da morte de Maradona. - A lenda do futebol argentino Diego Maradona morreu aos 60 anos, anunciou seu porta-voz em 25 de novembro de 2020 [Foto: Carlo Hermann/AFP]
Um homem é visto enquanto as pessoas se reúnem para lamentar a morte da lenda do futebol argentino Diego Maradona fora do estádio San Paolo em Nápoles, Itália, 25 de novembro de 2020 [Foto: Ciro de Luca/Reuters]
Retrato do argentino Diego Maradona é exibido em uma tela gigante antes da partida de futebol do grupo B da UEFA Champions League Borussia Moenchengladbach x Shakhtar Donetsk, em Moenchengladbach, oeste da Alemanha [Foto: Ina Fassbender/AFP]
Os jogadores observam um minuto de silêncio em memória da lenda do futebol argentino Diego Maradona, que faleceu em 25 de novembro de 2020, antes da partida de futebol do grupo A da Liga dos Campeões da UEFA entre o Atlético de Madrid e o Lokomotiv Moscou no estádio Wanda Metropolitano, em Madrid [Foto: Gabriel Bouys/AFP]
"Maradona faleceu em 25 de novembro de 2020. Napoli está chorando, adeus ao Deus do Futebol", diz a placa no topo do Quartieri Spagnoli, em Nápoles, Itália [Foto: Carlo Hermann/AFP]
Torcedores do Boca Juniors penduram a bandeira próxiomo ao estádio La Bombonera, onde as pessoas se reúnem para lamentar a morte do astro do futebol argentino Diego Maradona em Buenos Aires [Foto: Alejandro Pagni/AFP]
Santuário é improvisado em um bar em Nápoles após o anúncio da morte da lenda do futebol argentino Diego Maradona [Foto: Carlo Hermann/AFP]
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