A Fifa trabalha para, a partir do próximo ano, mudar a atividade dos empresários de jogadores de futebol e reduzir os ganhos desses profissionais.
Entre outras coisas, o novo regulamento prevê que um agente pode cobrar de comissão no máximo de 6% do salário total do jogador ou 10% do valor da transferência caso seja o clube vendedor que pague o empresário.
Relatório da Fifa aponta que as transferências internacionais em 2019 renderam US$ 653,9 milhões (R$ 3,6 bilhões) em comissões para os agentes.
O valor é 19,3% maior do que o de ano de 2018. Na comparação com 2015, a arrecadação dos empresários dobrou.
O objetivo da Fifa é evitar casos como o de Mino Raiola, empresário do volante francês Paul Pogba, que ficou com US$ 49 milhões (R$ 270 milhões) em comissão quando fechou a venda do jogador da Juventus para o Manchester United em 2016, segundo revelações do Football Leaks.
O episódio provocou polêmica e o Fórum de Agentes de Futebol, presidido pelo próprio Raiola, ameaça processar a Fifa por considerar que limitar as comissões contraria a livre concorrência.
“Às vezes, esses grandes valores podem levar os agentes a não defenderem os interesses de seus clientes da melhor maneira”, justificou o diretor de regulamentação do futebol da Fifa, James Kitching. Com essas medidas, a Fifa alega querer “melhorar a transparência e proteger os jogadores de abusos e práticas especulativas”.
Outro objetivo é limitar o conflito de interesses ao proibir a “representação tripla”, prática ilustrada também na transferência de Pogba, na qual Raiola acabou cobrando comissões de seu cliente, do clube vendedor e do clube comprador.
Com o aumento de intermediários no futebol, a Fifa pretende também estabelecer uma licença para quem deseja exercer a profissão.
Entre as exigências para conceder a autorização de trabalho estão ter um seguro profissional e nunca ter sido condenado por crimes relacionados à corrupção, lavagem de dinheiro, fraude fiscal, abuso ou assédio sexual.
A última fase de consultas da Fifa a clubes, ligas e agentes começou na quinta-feira. A entidade planeja fechar a proposta entre março e junho para levar à votação em seu congresso.
“É um regulamento que vai ajudar a indústria do futebol. Não é um projeto contra os agentes, mas para eles. Queremos trabalhar com eles”, defendeu Emilio García Silvero, chefe de Assuntos Jurídicos da Fifa.