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Jiboia mais rara do mundo é achada ‘sem querer’

Por G1

A ‘Jiboia do Ribeira’ (Corallus cropanii), espécie de jiboia considerada a mais rara do mundo segundo especialistas, foi encontrada viva em Sete Barras, na região do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. Essa é a segunda da espécie avistada na região. A última foi capturada em 2017, também por moradores. Pesquisadores do Instituto Butantan confirmaram o encontro da cobra ao G1 nesta quarta-feira (25).

Essa espécie de cobra foi avistada pela primeira vez há mais de 60 anos em Miracatu, cidade também localizada no Vale do Ribeira. Desde então, pesquisadores buscam por outros exemplares da mesma espécie.

Os dois animais encontrados em Sete Barras foram capturados graças a um projeto de educação e conservação ambiental realizado, desde 2016, com a moradores da área rural do Guapiruvu. Os moradores Paulo Vinicius Teixeira, Wilian Daniel Martins, Bernardo Alves dos Santos e Virgílio Gomes encontraram o animal após serem contatados pelos guardas do Parque Estadual Intervales, que viram a cobra se deslocando.

A descoberta foi feita no fim de outubro e divulgada após as primeiras pesquisas. Os pesquisadores explicam que o animal é uma fêmea adulta, de 1,35 metro de comprimento e 1,2 kg. O local onde o animal foi encontrado abriga a comunidade que é ativa na conservação e faz parte do Parque Estadual Intervales, além de ser inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra do Mar.

“Ela está em um terrário e será mantida em cativeiro para exames e estudos. Depois, vai ser solta na natureza com um aparelho de telemetria para mostrar seu caminho, que dura um tempo, cerca de quatro meses”, explica o biólogo Bruno Rocha, de 33 anos, pesquisador do Butantan e coordenador do Projeto Jiboia do Ribeira, junto com a pesquisadora Daniela Gennari.

Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), essa espécie é considerada a jiboia mais rara do mundo. A serpente foi descrita em 1953 pelo herpetólogo Alphonse Richard Hoge, do Instituto Butantan, com base em um único exemplar, que foi trazido vivo até ele por um morador de Miracatu.

Bruno reitera que, entre os Boídeos, família de cobras que inclui serpentes grandes que não sejam venenosas, essa é a espécie mais rara. O animal capturado em 2017 já ajudou nos avanços de pesquisas, e a nova também será analisada pelos pesquisadores.

Comunidade

O biólogo explica que encontrar a espécie viva é um bom indicativo, e que isso só aconteceu após o trabalho de conscientização da própria população, que é protagonista no trabalho de conservação ambiental.

“Eles trabalham com ciência cidadã. Eles estão sendo protagonistas. No Vale do Ribeira, temos um protocolo para informar a população, para não matar o animal, e o que devem fazer se encontrarem”, comenta.

O projeto é o “Ação Comunitária Mãos que protegem”, iniciativa que auxilia a gestão do Parque Estadual de Intervales e permite o resgate de serpentes encontradas na comunidade e sua soltura em áreas preservadas e seguras.

Thiago Borges Conforti, gestor do Parque, explica que o encontro desses animais é algo positivo. “São dois diferenciais: uma grande área protegida do Parque e a capacitação da comunidade para lidar com as cobras de maneira mais adequada, mais correta”, comenta o gestor.

Ele explica que, depois de estudos, ela será devolvida à natureza, em áreas preservadas e seguras, mas diz que os pesquisadores ainda avaliam qual será a melhor forma de realizar essa soltura, e como ela será monitorada.

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