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Joe Biden pode incluir Brasil na lista de párias climáticos?

Por O GLOBO

(Nova York - EUA, 24/09/2018) Presidente da República, Jair Bolsonaro, discursa durante a abertura do Debate Geral da 74ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU). nFoto: Alan Santos/PR

Durante a campanha, o agora presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, falou sobre a possibilidade de apontar e nomear países como “climate outlaws”, ou “párias do clima”. E o Brasil de Jair Bolsonaro pode ser o primeiro da lista, apontou o site americano Vox. Em setembro, durante um debate com Donald Trump, Biden havia citado o país ao falar de seu programa para o clima, mencionando ajuda financeira e também consequências caso o desmatamento na Amazônia não fosse contido.

“O governo Biden irá instituir um novo relatório de mudanças climáticas globais para tornar países responsáveis por alcançar, ou por falhar em alcançar, os seus compromissos com [o Acordo de] Paris e para outros passos que promovam ou atrapalhem soluções climáticas globais”, diz parte do programa de campanha de Biden.

No primeiro debate entre o democrata e o presidente Donald Trump, no último dia 30 de setembro, o então candidato tocou em um dos pontos centrais de seu plano de governo, a questão climática, e citou o Brasil ao mencionar o papel de liderança que os Estados Unidos deveriam assumir no tema. Biden prometeu que, se fosse eleito, iria reunir países para levantar US$ 20 bilhões para doar ao Brasil para proteger a Amazônia e ressaltou que haveria sérias consequências se o governo brasileiro não parasse com suas políticas de desmatamento.

— A Floresta Amazônica no Brasil está sendo destruída, arrancada. Mais gás carbônico é absorvido ali do que todo carbono emitido pelos EUA. Eu tentarei ter a certeza de fazer com que os países ao redor do mundo levantem US$ 20 bilhões e digam (ao Brasil): “Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de devastar a floresta. Se você não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas” — afirmou o então candidato democrata, sem entrar em detalhes sobre que consequências seriam essas.

Em resposta, Bolsonaro disse, esta semana,  que “apenas na diplomacia não dá” para proteger a Amazônia e que “tem que ter pólvora”. Sem parabenizar Biden pela vitória, um dos poucos presidentes no mundo a se recusar a reconhecer o resultado, o brasileiro citou “um grande candidato a chefe de Estado”, que havia falado recentemente que iria impor barreiras comerciais contra o Brasil se ele não apagar o fogo na Amazônia.

O legado de Bolsonaro de negação da mudança climática e sua atitude em relação ao desmatamento da Amazônia ajudaram a alinhá-lo com Trump. Mas sob um governo Biden, o desrespeito pela Amazônia e a descrença no aquecimento global podem ter outro peso.

— Há pessoas no Partido Democrata que gostariam de ir atrás de Bolsonaro e ser muito duro com ele nesta questão, e unir forças com os europeus para aplicar uma pressão significativa — disse Mike Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, à Reuters em outubro.

A pandemia atingiu a economia global, e por consequência também a brasileira e seu mercado exportador, observa o Vox. China, Estados Unidos e União Europeia são os principais parceiros comerciais do Brasil. Uma pressão deles poderia levar o país a mudar sua posição, acrescenta o site. [Capa: Alan Santos/PR]

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