Vídeo: PM que arrastou mulher viva em viatura vira superintendente no governo; relembre

Seis anos após a morte de Claudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da PM por 350 metros, um dos policiais envolvidos no caso foi nomeado, nesta terça-feira, para um cargo importante no Executivo estadual. O capitão Rodrigo Medeiros Boaventura vai atuar agora como superintendente de Combate aos Crimes Ambientais da Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade (Seas). As informações são da colunista Berenice Seara, do EXTRA.

Vinculada à Subsecretaria Executiva da pasta, a Superintendência de Combate aos Crimes Ambientais (Sicca) é responsável pelo “planejamento, coordenação e execução nas ações de combate aos crimes ambientais, integrando os órgãos públicos responsáveis pela fiscalização ambiental das três esferas do governo”, como explica o site da secretaria. O capitão vai substituir Fábio Pinho na função.

Questionada sobre a nomeação de um policial que responde por homicídio, a Seas se limitou a responder que “Rodrigo Boaventura responde a processo e não existe nenhuma condenação”. A reportagem tentou contato com o secretário do Ambiente, Thiago Pampolha, mas não teve sucesso. O Governo do Estado também não se pronunciou sobre o caso.

Crime sem castigo

Enquanto responde na Justiça pela morte de Claudia, ocorrida em 2014, o capitão Rodrigo Boaventura segue ativo na Polícia Militar, com remuneração média de R$ 8.712,86, de acordo com o site da Secretaria de Planejamento e Gestão. Dentro da corporação, ele sequer responder administrativamente pelo crime, e chegou a ser promovido desde então.

A Polícia Militar não informou qual é a atual situação do policial dentro da corporação. Mas em julho deste ano, O GLOBO noticiou que Rodrigo Medeiros Boaventura estava lotado no 41º BPM (Irajá), desempenhando funções na área correcional. Ele foi nomeado, pela corporação, como encarregado de diversos Inquéritos Policiais Militares (IPMs) que apuram homicídios cometidos por policiais na região.

A reportagem também mostrou que o capitão era considerado apto, pela PM, para julgar policiais acusados de crimes militares na Justiça. O nome de Boaventura integrava uma lista de oficiais encaminhada pela corporação à Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Rio para fazer parte do Conselho Especial de Justiça — órgão formado por quatro juízes militares e o juiz titular da Auditoria Militar, responsável por julgar militares estaduais.

Filha de Claudia Silva Ferreira, morta na comunidade Congonha, em Madureira [Foto: Luiz Ackermann/Extra]

O capitão Boaventura era tenente quando Claudia foi morta e arrastada pela Estrada Intendente Magalhães. Na época, ele comandava a patrulha que realizou a operação no Morro da Congonha, em Madureira, no dia do homicídio. Até hoje, Boaventura — apesar de ter permanecido algumas semanas preso pelo crime à época — nunca foi sequer punido administrativamente pela PM pelo crime.

Além do capitão, também responde pelo homicídio o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno. Já os subtenentes Adir Serrano e Rodney Archanjo, o sargento Alex Sandro da Silva e o cabo Gustavo Ribeiro Meirelles também respondem pelo crime de fraude processual, por terem modificado a cena do crime, removendo Claudia — já morta, segundo a perícia — do Morro da Congonha. Serrano e Archanjo estão reformados. Os demais seguem trabalhando na corporação.

O vídeo chocante que mostra Claudia sendo arrastada pela viatura da PM por 350 metros da Estrada Intendente Magalhães foi revelado pelo EXTRA. As imagens mostram a mulher pendurada no para-choque do veículo apenas por um pedaço de roupa. Apesar de alertados por pedestres e motoristas, os PMs não pararam. Antes Claudia havia sido baleada no pescoço e nas costas em meio a uma operação do 9º BPM no Morro da Congonha, onde morava. [Capa: Reprodução]

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