VÍDEO: Polícia analisa imagens em inquérito sobre denúncia de estupro contra senador

A Polícia Civil de São Paulo está analisando imagens de quatro câmeras de segurança anexadas ao inquérito que investiga a denúncia de estupro que uma modelo de 22 anos fez contra o senador Irajá Silvestre Filho (PSD/TO).

O advogado dele afirma que as imagens deixam claro que, diferentemente do que a modelo disse à polícia, ela não estava inconsciente. Já o advogado da modelo reiterou que ela foi vítima de crime sexual.

As imagens da noite de domingo, 22 de novembro, foram publicadas pelo site Antagonista e obtidas também pela TV Globo.

As cenas, que agora fazem parte da investigação, mostram o momento em que o senador e a modelo estavam juntos na saída da casa noturna, e entregaram as pulseiras que usavam. Depois, eles foram até a porta para deixar o local. Neste momento, o relógio marcava 0h29, mas a boate informou à polícia que o equipamento estava uma hora e meia adiantado.

Outra câmera registrou quando os dois caminharam pela calçada. Ele estava com o braço sobre o ombro dela e depois se deram as mãos.

Outra imagem, que também está anexada ao inquérito, é de uma câmera de segurança do flat onde o senador estava hospedado, a poucos metros da casa noturna. A cena mostra quando Irajá e a modelo chegaram à recepção. Eles ainda estavam de mãos dadas. Ele, com um copo na mão. O senador falou com a recepcionista e recebeu a chave da suíte. Depois, os dois seguiram juntos em direção ao elevador, no fim do corredor.

O senador abriu a porta, mas eles não entraram de imediato. Irajá colocou uma das mãos na cintura da mulher. Pela câmera do interior do elevador dá para ver que a modelo mexia no celular. Eles ficaram assim, parados, durante cerca de 35 segundos.

O senador e a modelo entraram no elevador e seguiram conversando até descerem no terceiro andar. Pouco mais de duas horas depois dessas cenas, à 1h36, policiais militares foram chamados pelo 190.

No boletim de ocorrência, a modelo afirma que bebeu, perdeu a consciência – e só acordou com o senador sobre ela, fazendo sexo. No relato, a mulher diz que não resistiu nem tentou tirá-lo de cima porque não o conhecia e temia pela sua segurança. Ela disse que, depois disso, foi ao banheiro, mandou mensagens para amigos pedindo ajuda e que eles acionaram a polícia.

A modelo, de 22 anos, prestou depoimento nesta semana. O Jornal Nacional teve acesso ao que ela disse à polícia. A mulher contou que se recorda vagamente da chegada à casa noturna e que, pelo que se recorda, chegou a ingerir bebida alcoólica no local, mas não soube informar o tipo de bebida.

Afirmou, ainda: “Que sua última lembrança foi de quando estava dançando. A partir de então afirmou ter tido um “apagão”, um período de amnésia, não se recordando, nem mesmo por flash do que aconteceu. Até que começou a recobrar a consciência, já com o senador em cima dela, mantendo, conjunção carnal”.

O JN teve acesso a outros depoimentos. Uma funcionária do flat disse à polícia que, antes de entrar no elevador, a modelo hesitou e perguntou ao senador: “Onde é que eu tô?”. Ele respondeu: “Você está no meu prédio”. Ainda segundo a funcionária, a mulher voltou a perguntar onde estava e, neste momento, o senador disse a ela o endereço do flat.

A funcionária também disse que mandou uma mensagem a um funcionário da segurança do flat porque achou que fosse precisar de ajuda, acreditando que a moça não iria querer subir.

Quando o funcionário chegou, a funcionária relatou que havia estranhado que a mulher não queria entrar no elevador e estava perguntando onde se encontrava.

O funcionário disse à polícia que, cerca de cinco minutos depois, subiu ao andar do apartamento do senador e que não ouviu nada que chamasse sua atenção, mas percebeu que a porta estava entreaberta, e voltou para a recepção.

O senador Irajá também prestou depoimento. Ele contou que “conheceu a modelo em um almoço em um restaurante, no domingo. E que a conversa evoluiu para uma paquera”.

Depois do almoço, segundo o senador, a modelo foi para uma festa na casa de uma amiga. Ele continuou no restaurante. Mais tarde, o senador disse que “foi convidado pela modelo, por mensagem de celular, para ir à festa. E que lá se beijaram e trocaram carícias recíprocas”.

O senador acrescentou que, por volta das 20h, foram para a casa noturna. Segundo o depoimento do senador, “na balada, eles instigaram um ao outro sexualmente e foram a pé para o flat”.

O senador Irajá confirmou que os dois tinham bebido, mas disse que “nenhum dos dois estava inconsciente”.

Ainda segundo o senador, “eles mantiveram relações sexuais de forma consensual. E em nenhum momento a modelo demonstrou resistência ou falou que queria ir embora”.

O senador afirma que, “depois disso, ela se demorou no banheiro, até que ele recebeu mensagem de uma amiga da modelo dizendo que a jovem estava pedindo ajuda. E que, ao sair do banheiro, a modelo tentou agredi-lo”.

O exame de corpo de delito do senador deu negativo, o que para a defesa demonstra que não houve luta corporal entre eles.

Em nota, o advogado do senador disse que “todas as imagens requisitadas, de todos os locais em que estiveram naquela data, revelam justamente o contrário do que afirmou a modelo. Ou seja, segue o advogado, as imagens revelam que eles chegaram de mãos dadas, caminhando tranquilamente e, mais que isso, mostraram que ela manuseara seu celular, conduta incompatível com alguém que estaria alegadamente sem a capacidade e discernimento de seus atos”.

A defesa diz que “ao final das apurações, a verdade prevalecerá, e a inocência do senador será comprovada”.

Sobre a declaração da funcionária da recepção de que a modelo hesitou ao entrar no elevador, a defesa do senador afirmou que “essa impressão pode ter sido obtida porque ela estava usando o celular, como mostram as imagens. E que, de onde estava a funcionária, não era possível saber o que acontecia perto do elevador”.

Em nota, o advogado da modelo disse que “a jovem foi vítima de crime sexual. E que ela está profundamente abalada com todo o ocorrido e com a repercussão do caso e que não se pronunciará sobre o assunto”. Quanto ao teor das imagens o advogado declarou que “considera imprudente fazer qualquer juízo de valor, antes da conclusão das investigações, já que as imagens serão objeto de perícia”.

Na semana que vem os investigadores devem ouvir mais pessoas que estiveram com o senador e a modelo naquele dia. A polícia também aguarda a chegada do exame toxicológico, que vai indicar se os dois consumiram álcool ou drogas. E vai analisar as mensagens do celular da modelo, em busca de pistas que ajudem a entender o que aconteceu dentro do flat. A defesa do senador considera estas mensagens peça chave para esclarecer o caso.

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