Imagine estar em um carro em movimento e, de repente, o seu celular sair voando pela janela. Agora, pense se isso acontecesse durante um voo em um avião.
O ambientalista e documentarista Ernesto Galiotto viveu essa experiência na sexta-feira (11) e ainda conseguiu recuperar o aparelho na manhã seguinte, intacto, com a ajuda de um amigo – o único dano ocorreu na película de proteção de tela, que trincou. Ele descreveu a sensação como um “Deus nos acuda”
trajeto da queda, que durou cerca de 15 segundos, foi registrado em vídeo pelo próprio celular – um iPhone modelo 6S –, que tocou o solo gravando toda ação (assista no vídeo abaixo).
O incidente aconteceu durante um sobrevoo na Praia do Peró, em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.
300 metros de altura
“É uma coisa que, se você contar para alguém, a pessoa não acredita. Foi um Deus nos acuda! No momento, eu falei até um palavrão, mas depois eu pensei e disse: ‘Eu vou recuperar esse celular'”, contou o ambientalista, que faz sobrevoos na região há 26 anos.
Ernesto sobrevoava a Praia do Peró, a cerca de 300 metros de altura. O voo era para comemorar a renovação do Selo Internacional Bandeira Azul, símbolo internacional que reconhece a qualidade ambiental da praia.
Na sexta, seria realizado o hasteamento da bandeira, mas o evento foi cancelado para evitar aglomerações e substituído por uma cerimônia restrita às autoridades.
“Eu tinha programado o voo com dois aviões. Quando soube que ela [a bandeira] não seria estendida, eu dispensei a decolagem do outro e decolei só com um. Mas, como a bandeira não subiu, o celular caiu”, brincou Ernesto.
Uma câmera da cabine do avião monomotor registrou o momento em que Ernesto pegou o celular para filmar o local e brincar com os amigos do projeto Bandeira Azul sobre o fato de a bandeira ainda não estar hasteada. Enquanto gravava, ele segurou o celular apenas com uma mão.
O vídeo mostrou que Ernesto falou: “Nós estamos aqui procurando a Bandeira Azul”. Nesse momento, o aparelho caiu. Também foi possível ver a reação do piloto, que disse: ‘Mais um… Acontece”.
Rastreamento por GPS
“Em 15 segundos, ele [o aparelho] bateu no solo. Estava a uns 200 metros da água, e a poucos metros tinha um casal na praia. Ele caiu às 11h10 de sexta-feira. Caiu com a tela para baixo e ficou filmando por uma hora e meia. Eu acho que o sol que recarregou, porque, quando chegamos para recuperar, ele ainda tinha 16% de carga no sábado, por volta de 8h50”, contou Ernesto.
“Eu tinha fé que ia recuperar. Pensei: ‘Se ele não caiu na água, a gente vai achar’. Por poucos metros, poderia ter atingido uma pessoa – e, com aquela altura que eu estava voando, 2 mil e poucos pés, ia ser uma tragédia, imagina? Mas não teve a tragédia, teve muitas emoções, como diz o Roberto Carlos.”
O celular foi localizado em uma área de restinga das Dunas do Peró, por uma função de rastreamento por GPS com a ajuda de Victor de Oliveira Tostes, que é técnico de informática e amigo do ambientalista.
Victor disse: “Andamos por cerca de 5 minutos até chegar perto do celular. Ele estava numa região de areia, com a tela virada para baixo. A claridade do sol refletiu na capa, e logo consegui identificar no meio da areia. Por incrível que pareça, ele estava intacto, funcionando perfeitamente, somente com uma parte da película protetora da tela trincada”.
Ernesto também gravou um vídeo no momento em que encontrou o celular.
“Ô, turma. Se vocês acreditam ou não, o celular que voou do meu avião se encontra aqui no meio da natureza. Aliás, nós somos aqueles que ajudam a defender a natureza. E a natureza o protegeu. Agora vou buscá-lo”, disse Ernesto no vídeo.
Bom humor e desfecho feliz
Em outro vídeo, Ernesto mostrou o celular e brincou com o desfecho da história.
“Primeiro, achei que tivesse caído na água. Achava até que os peixes aqui do Peró já tivessem fazendo alguma coisa, mas não. Está aqui o celular, localizamos com o apoio de Victor, como sempre. Tá safo. Uma conta a menos para a Bandeira Azul pagar, vou aliviar dessa!”, brincou Ernesto ao lado do amigo.
Sobre o certificado da Bandeira Azul, Ernesto reforçou a importância da conquista do símbolo para toda a região.
“Foi algo que a gente lutou junto pra poder conquistar isso. Uma coisa que nasceu do nada, um trabalho de muita gente. Com isso, todo mundo ganhou. A Praia do Peró, Cabo Frio, os municípios do entorno também são beneficiados. No Brasil, são apenas 8 bandeiras e nós temos uma em Cabo Frio”, afirmou o ambientalista.
(Foto de capa: Reprodução/G1)