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Há 76 anos, nascia, em Xapuri, o líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes

Por LEANDRO CHAVES, DO CONTILNET

Foto: reprodução

No dia 15 de dezembro de 1944, há exatos 76 anos, a dona de casa Maria Rita Mendes dava à luz, no seringal Porto Rico, em Xapuri, no interior do Acre, a Francisco Alves Mendes Filho. Chico Mendes, como ficou conhecido, tinha tudo para ser um seringueiro comum.

Ele começou o ofício ainda criança, quando acompanhava o pai, Francisco Alves Mendes, nas trilhas de seringa pela floresta. Mas o ponto de virada em sua história veio aos 19 anos, quando conheceu o militante comunista Euclides Távarora, exilado na mata após ter participado, em 1935, de um levante socialista em Fortaleza e da revolução boliviana de 1952.

Foi o guerrilheiro quem alfabetizou o jovem seringueiro, ensinando-o a ler, escrever e fazer operações matemáticas. Naquela época, a maioria dos seringais acreanos não tinha escolas e sequer havia planos de construí-las por parte dos proprietários de terra, também chamados de seringalistas.

Távora foi além. Ensinou a Chico noções básicas de sociologia e economia. Falou sobre revoluções socialistas, capitalismo, luta de classes, trabalho, miséria e outros conceitos.

Anos mais tarde, Mendes aplicou esses conhecimentos em sua luta no meio da floresta amazônica por melhores condições de vida das famílias extrativistas. Ele se organizou com os demais seringueiros nos sindicatos dos trabalhadores rurais das cidades do Alto Acre e, com a chegada dos fazendeiros à região, na década de 1970, essas entidades representativas de classe encabeçaram a resistência ao desmatamento e à expulsão dos moradores dos seringais das terras.

Nos anos de 1980, Chico Mendes se destacou nacionalmente e internacionalmente ao denunciar ao Brasil e à Organização das Nações Unidas (ONU) a devastação da floresta e a violência que os trabalhadores sofriam durante os conflitos pela posse da terra em Xapuri e Brasileia.

Em meados dos anos 80, criou a famosa Aliança dos Povos da Floresta, que reuniu pela primeira vez seringueiros, indígenas, ribeirinhos e quilombolas – os dois primeiros eram adversários históricos.

“Os seringueiros, os índios, os ribeirinhos há mais de 100 anos ocupam a floresta. Nunca a ameaçaram. Quem a ameaça são os projetos agropecuários, os grandes madeireiros e as hidrelétricas com suas inundações criminosas”, disse, na época.

A atuação de Chico despertou a ira de pecuaristas e grileiros de terra da região. Mendes sabia que ia morrer e chegou a denunciar as ameaças que recebia. “Se descesse um enviado dos céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta até que valeria a pena. Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver. Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia. Quero Viver”, afirmava.

No dia 22 de dezembro de 1988, aos 44 anos, ele foi assassinado a tiros de escopeta no peito no quintal de sua casa. O tiro foi disparado por Darci Alves, a mando do pai grileiro Darly Alves. Morria o homem e nascia o mito.

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