O presidente Jair Bolsonaro prometeu, nesta quinta-feira, vacinar toda a população brasileira contra a covid-19 “em um curto espaço de tempo”, mas não deu prazos nem comentou o fato do Brasil ter em mãos, até o momento, apenas cerca de 13 milhões de doses de vacinas liberadas.
“A Europa e alguns países aqui da América do Sul não tem vacina. E nós sabemos que a procura é muito grande. Nós assinamos convênios, fizemos contratos e compromissos, desde setembro do ano passado, com vários laboratórios e as vacinas começaram a chegar, e vão chegar, para vacinar toda a população em um curto espaço de tempo”, disse em discurso durante um evento em Sergipe.
O governo brasileiro tem convênios e contratos com a farmacêutica AstraZeneca, por meio da Fundação Oswaldo Cruz, com o mecanismo Covax Facilities, organizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e com o Instituto Butantan, relativo à vacina chinesa CoronaVac.
Pelo acerto Fiocruz-AstraZeneca são 100,4 milhões de doses iniciais e, depois de completada a transferência de tecnologia, espera-se que com a produção local se chegue a um total no final do ano de 210 milhões. Pelo mecanismo Covax são 42 milhões de doses, sem data definida. E pelo Butantan são 46 milhões até abril e uma opção de mais 54 milhões depois disso.
Depois de criticar por várias vezes as vacinas, defender um inexistente tratamento precoce e obrigar o Ministério da Saúde a cancelar inicialmente o acordo com o Butantan alegando que a vacina chinesa não era confiável, Bolsonaro mudou o discurso nos últimos dias e tem tentado puxar para si o ganho pelo início da vacinação no país.
O presidente foi convencido por auxiliares que a vacinação em massa é a melhor maneira de retomar o crescimento da economia e tem investido na mudança de discurso e na tentativa de tirar os holofotes do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vem faturando politicamente o fato de ter assinado o contrato com a Sinovac e ter a primeira vacina disponível no Brasil.