Chanceler indiano diz que não pode enviar vacinas ao Brasil agora

O chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, disse ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que não pode enviar imediatamente ao Brasil uma carga de 2 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca/Oxford, conforme pedido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Segundo fontes do governo, Jaishankar disse que há “boa vontade” para atender ao apelo, porém há “dificuldades logísticas”, uma vez que a Índia iniciará em breve a vacinação no país, que tem mais de 1 bilhão de habitantes, contra a covid-19.

Uma aeronave da Azul está no Recife aguardando a liberação da carga para decolar rumo a Mumbai, onde os imunizantes são fabricados pelo laboratório Serum Institute.

Há uma semana, Bolsonaro pediu ao premiê Narendra Modi o adiamtamento dos 2 milhões de doses. A intenção dele era é ter o produto disponível no país para iniciar a imunização juntamente com a CoronaVac, produzida em parceira entre o Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac.

A vacina da AstraZeneca/Oxford será produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), porém isso ainda não está ocorrendo. Trata-se da principal aposta do governo federal, e de Bolsonaro, para imunizar a população brasileira.
O pano de fundo dessa corrida é a disputa entre Bolsonaro e o governador João Doria (PSDB), de São Paulo, que tem a CoronaVac como trunfo político.

Bolsonaro não quer permitir que o Brasil inicie a imunização com a “vacina chinesa do Doria”, como ele diversas vezes se referiu à CoronaVac de maneira pejorativa.

Espera-se que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceda no domingo as autorizações para uso emergencial de ambos os imunizantes.

O Palácio do Planalto preparava ontem uma cerimônia na terça-feira para marcar o início da imunização no país.

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