19 de abril de 2024

Cientistas detectam novos casos de linhagens diferentes do coronavírus

Dois jovens adultos do Rio Grande do Sul se tornaram os primeiros casos do Brasil de pessoas infectadas simultaneamente por duas linhagens diferentes do coronavírus.

A descoberta, alertam cientistas, só evidencia a grande circulação do Sars-CoV-2 e a urgência de vacinar o maior número de pessoas no menor tempo possível.

Uma das linhagens presentes nos dois casos é a P2, originada no Rio de Janeiro e que tem a temida mutação E484K.

Essa mutação preocupa porque parece dar ao coronavírus a capacidade de escapar do ataque de anticorpos. Isso, em tese, poderia reduzir a eficácia de vacinas.

O trabalho, que também identificou mais uma nova linhagem de coronavírus no Brasil, esta do Rio Grande do Sul, foi realizado por cientistas do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, e do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

Co-infecção pode acelerar a geração de novas linhagens

O virologista Fernando Spilki, coordenador do estudo, destaca que a co-infecção é muito relevante porque esse é um dos mecanismos que pode acelerar a geração de novas linhagens.

E novas linhagens podem vir a se tornar um problema para as vacinas, embora até agora não haja evidências sobre isso.

A possibilidade de co-infecção está entre as linhas de investigação propostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) este mês numa reunião com especialistas de 134 países.

Ela acontece quando uma mesma pessoa contrai no mesmo episódio ou num curto espaço de tempo, questão de dias, linhagens distintas do vírus.

— A co-infecção mostra que há a possibilidade de recombinação de genomas do vírus. Esse mecanismo está na base da geração de novos coronavírus na natureza.

Possivelmente, foi assim que o Sars-CoV-2 passou de morcegos para o ser humano. Esses casos do Sul mostram que a evolução do Sars-CoV-2 pode estar acelerando e são mais um sinal de alerta — destaca Spilki.

A pesquisa é parte do trabalho da Rede Corona-ômica, coordenada por ele, que sequencia e analisa o genoma do coronavírus em todo o Brasil.

O trabalho recém-publicado descreve o espalhamento da P2 e também o surgimento de uma variante gaúcha do Sars-CoV-2, chamada VUI-NP13L.

Até agora, somente um estudo da África do Sul, realizado pela equipe do brasileiro Tulio de Oliveira, havia sugerido que a co-infecção é possível.

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