Somente Acre e outros 5 estados não registraram casos de sarampo em 2020

O ano da pandemia de Covid-19 também foi marcado pelo surto de um outro vírus que, há alguns anos, estava erradicado do Brasil. Em 2020, o país registrou 8.419 casos de sarampo, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, atualizado em 24 de dezembro.

Doença infecciosa grave e que pode levar à morte, o sarampo foi registrado em 21 estados. Não houve circulação do vírus apenas no Acre, Roraima, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Espírito Santo no ano passado.

O Pará foi o epicentro do surto de sarampo no Brasil, com 5.375 registros da doença, número equivalente a 63,8% do total no país. O estado também concentrou as mortes causadas pela moléstia, com um total de cinco óbitos. Outras duas pessoas morreram em decorrência da doença no país, no período, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo.

Apesar do avanço do sarampo, o Pará fracassou no trabalho de imunização dos seus habitantes. Apenas 27,7% da meta de vacinação estipulada pelo governo estadual em 2020 foi atingida. A expectativa era de imunizar 3,3 milhões pessoas mas somente 971 mil indivíduos foram vacinados na campanha encerrada 30 de dezembro de 2020.

“Essa foi a vez do Pará, porque em 2018 houve um surto com cerca de 10 mil casos no Amazonas e Roraima. Na verdade, o ressurgimento do sarampo reflete as baixas taxas de cobertura vacinal que temos observado desde 2014, em todo o Brasil. Há uma falsa sensação de erradicação de doenças preveníveis por vacina, como é o caso do sarampo”, afirmou a infectologista professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará.

Campanha de vacinação 

A campanha de vacinação no Pará começou em 24 de agosto com foco nas pessoas da faixa etária de 20 a 49 anos. A ação foi prorrogada por três vezes na tentativa de aumentar a cobertura vacinal e acabou em 30 de dezembro sem alcançar a meta. A situação preocupa as autoridades de saúde do estado.

A mobilização também foi prejudicada pela crise do coronavírus, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Com o avanço da pandemia, unidades de saúde passaram a ser vistas como ambientes propícios à contaminação. As medidas de distanciamento social para evitar a propagação da doença também colaboraram para a baixa procura pelas vacinas.

“A Covid-19 agravou um problema que já existia pois o surto de sarampo começou em 2016, muito antes da pandemia. O fato é que não haveria surto se a imunização estivesse em dia no estado, esse é o principal fator. Mesmo com a ocorrência em outros locais, se tivéssemos batido as metas de vacinação não haveria um surto aqui. Mas o decréscimo na quantidade de pessoas que mantém o calendário vacinal completo não é um fenômeno que ocorre apenas no Pará”, afirmou o diretor de Vigilância em Saúde da Sespa, Denilson Feitosa.

O surto de sarampo teve início na região metropolitana de Belém. Agora, a preocupação está voltada para a região da Ilha de Marajó, onde há localidades com acesso basicamente por vias aéreas ou fluviais. Os casos recentes foram registrados, principalmente, nos municípios de Portel, Breves e Bagre.

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