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Bacharel em Direito retomou estudos e concluiu graduação após vencer alcoolismo: ‘Decidi mudar’, diz

Por G1

O bacharel em Direito Valdivino Geissler Ribeiro, que completa 48 anos nesta quinta-feira (18), diz ser uma nova pessoa após ter vencido o alcoolismo. Ele retomou os estudos e concluiu a graduação depois de superar o vício.

Geissler faz aniversário na data em que é comemorado o Dia Nacional do Combate Alcoolismo, doença que mata mais de 3 milhões de pessoas por ano, no mundo todo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

Ele começou a beber aos 13 anos, escondido da família, como uma forma de perder a timidez, mas com o tempo, as doses foram aumentando, até que ele consumia diariamente.

Valdivino lembra que o pai morreu devido ao alcoolismo, e ele não conseguiu tomar conta do comércio da família por conta da bebida. A mãe dele chegou a entrar em depressão, na época.

“Depois de mendigar caixas de papelão para vender e comprar cachaça, depois de não ser reconhecido pelos próprios filhos e filhas, depois de ser a vergonha da família decidi mudar. A minha superação diante do alcoolismo foi basicamente a minha real e verdadeira vontade de parar de beber”, disse.

O bacharel em Direito lembrou, ainda, que decidiu buscar tratamento após sofrer por mais de 16 anos com o vício. E foi em maio de 2009 quando entrou pela primeira vez em uma sala de Alcoólicos Anônimos, que a história dele começou a ser reescrita.

Ele, então, retomou os estudos, que havia largado ainda na adolescência, no Ensino Médio. Depois, fez faculdade, formou-se em Direito no ano de 2017. Para ele, foi uma grande lição.

“A minha vida, hoje, posso dizer que é normal. Hoje eu me considero um pai de verdade, sou casado, convivo com a minha esposa há dez anos, também me sinto realizado em ter uma família. A minha mãe saiu da depressão que eu a causei, ela vive em paz, pois sabe que eu estou bem hoje”, comentou.

Causas do Alcoolismo

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo de álcool tem aumentado ao longo dos brasileiros. Segundo a pesquisa, cerca de 26,4% da população adulta afirmou ter bebido semanalmente em 2019 contra 23,9% em 2013.

Os dados fora levantados pelo IBGE em convênio com o Ministério da Saúde, com dados sobre a percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal.

Segundo o psiquiatra Luiz Henrique Novaes, as principais causas do alcoolismo estão relacionadas a algum transtorno de humor ou transtorno de ansiedade. Ele explicou que o uso em excesso está associado ao grau de alívio que o álcool pode causar.

“Fatores psicológicos e sociais reforçam o uso dessa substância, seja a questão da interação social, seja a necessidade de inserção social, ou muitas vezes para lidar com pressões sociais, as pessoas podem acabar fazendo o uso do álcool numa quantidade e numa frequência que no futuro pode trazer prejuízos”, disse.

Perceber que a pessoa está sob o domínio do álcool não é tão difícil assim, segundo o especialista. Há um padrão de uso recorrente de álcool que deve ser levado em consideração.

“São duas variáveis que a gente considera: a frequência e a quantidade. Se a pessoa faz uso, diariamente, mesmo que seja em pouca quantidade, ou, a pessoa faz uso abusivo, recorrentemente em todo final de semana ou em toda festa, em toda atividade social que frequenta, temos aí uma pessoa que tem um problema com álcool”, explicou.

Ainda segundo ele, a substância pode trazer prejuízo nas interações sociais, além de causar doenças como o câncer. A prevenção do alcoolismo é evitando o uso, e, passando por avaliação médica e psiquiátrica.

O tratamento é à base de terapia, remédios e em alguns casos mais graves, internação.

A psiquiatra Alessandra Pereira, da Associação Brasileira de Psiquiatria, explicou que a dependência química é uma doença crônica, e uma vez iniciado o tratamento, a pessoa não pode ter contato com o álcool, para não ter uma recaída.

“Após o tratamento de alcoolismo, recomenda-se que não haja mais contato com bebidas alcoólicas de espécie alguma, ou que a pessoa frequente bares ou locais que propiciem o consumo. Já existe uma fragilidade no impulso e pode haver a famosa recaída, reativando um comportamento compulsivo pela ingesta de álcool”, disse.

 

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