Os extremistas desesperados e maniqueístas contemporâneos estão comemorando o que vem acontecendo nos últimos dias no BBB, com tentativas absurdas de descredibilizar lutas tão importantes como o feminismo, o antirracismo, etc. Associam de forma irresponsável e sem nenhum embasamento os comportamentos abusivos, bifóbicos, racistas e xenofóbicos de participantes à militância real, legítima e que precisa crescer ainda mais neste país cujo sofrimento é fruto de muita desigualdade e preconceito.
Movimentos de combate ao ódio (seja ele de qualquer natureza) não são determinados por quem segrega, mata e apedreja em nome deles, assim como nenhuma pessoa que se diz cristã e engana fiéis representa a essência verdadeira de Cristo.
Não acho que compartilhar desinformação tenha a ver somente com ignorância. É também sobre a incapacidade de desembarcarmos de nós mesmos, com dizia Fernando Pessoa, de reconhecer o outro, de ler o mundo e compreender as dores alheias sem estar a serviço do próprio narcisismo. É sobre déficit de empatia!
Deixemos que caracterize racismo, sem interrupções rasas de nossa parte, quem sofre com ele; que defina o que é homofobia quem já teve sua vida ameaçada por amar quem deseja amar; que signifique o que é feminismo quem já viu ao longo da história, tem medo de que se repita no futuro e presencia no agora a triste crença transformada em prática de que um gênero é inferior ao outro. E somado a isso, lutemos, juntos, pois a liberdade é para todos, mesmo que as diferenças permeiem as nossas existências e configurem as nossas subjetividades. Nós também somos gregários!
Precisamos, urgentemente, parar de desrespeitar a luta do próximo quando não sabemos (nos mais diversos sentidos dessa palavra) lidar com ela.
Você não terá sua vida prejudicada se não tentar calar a voz de quem quer falar para sobreviver. Pelo contrário, se tornará mais humano.
Everton Damasceno é acreano de Sena Madureira, psicólogo, gestalt-terapeuta, jornalista e assessor de imprensa em Rio Branco.