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MPF diz à Justiça que USP comprovou a eficácia do kit-Covid, mas universidade nega

Por FOLHA DE S.PAULO

O Ministério Público Federal disse à Justiça que o kit-Covid teve sua eficácia recentemente comprovada por um estudo da Universidade de São Paulo.

A afirmação foi feita pelo procurador de República Kelston Pinheiro Lages em um processo por meio do qual ele quer obrigar o Estado do Piauí e a Prefeitura de Teresina a disponibilizarem a hidroxicloroquina e a azitromicina e suas unidades de saúde. O uso desses medicamentos é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em razão da escassez de vacinas no Piauí, diz o procurador, “o tratamento precoce ainda é extremamente relevante, tendo, inclusive, sua eficácia recentemente comprovada, com matéria publicada pela Universidade de São Paulo”.

O procurador não anexou nenhum estudo no processo. Para comprovar sua argumentação, reproduziu um post publicado em rede social por um internauta.

“Isso era para estar na manchete de todos os jornais do país inteiro, era para ter sido notícia no Jornal Nacional, com a bancada dando a notícia em ritmo de festa”, diz o post após anunciar a alegada comprovação científica da hidroxicloroquina e da azitromicina.

A USP nega ter comprovado a eficácia desses medicamentos para o tratamento do coronavírus. Em nota publicada na página da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, disse que o seu estudo avaliou o uso de um outro medicamento, a colchicina, mas não os citados. “O estudo foi divulgado com informações equivocadas nas redes sociais”, afirma a universidade.

Na nota, a USP afirma que os resultados do estudo indicaram que a colchicina “pode ajudar a combater a inflamação pulmonar e a acelerar a recuperação de pacientes com as formas moderada e grave da doença”.

Apesar de chamar os estudos de “promissores”, a nota diz que os pesquisadores ressaltam que não é recomendado o uso indiscriminado da colchicina para prevenção ou tratamento da Covid-19. “É preciso um novo estudo com mais pacientes para confirmar os benefícios e analisar o comportamento do fármaco em casos mais graves da doença.”

Ao mesmo tempo em que o procurador Pinheiro Lages quer obrigar o Piauí a adquirir os medicamentos do kit-Covid, uma outra ala do Ministério Público Federal abriu um inquérito civil para investigar supostos atos de improbidade administrativa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

O inquérito foi instaurado em decorrência da utilização de recursos públicos na distribuição de medicamentos do kit-Covid que não têm eficácia comprovada.

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